Acidentado de moto custa caro ao Governo

Por Ricardo Banana
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Acidentes de motos tornaram-se cada vez mais frequentes em Pernambuco. Considerando-se os dados do Hospital da Restauração (HR), unidade de referência para atendimentos de alta complexidade em trauma, é possível perceber que um paciente grave permanece internado por cerca de 33 dias. O custo para operá-lo e mantê-lo no melhor estado de saúde é em torno de R$ 154 mil. A principal causa dos acidentes, por sua vez, é a imprudência do condutor. Para reverter essa realidade, a Secretaria Estadual de Saúde (SES), em parceria com o Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Motos, realiza ações educativas, bem como fiscalizações em todo o Grande Recife e nas 11 regionais de Saúde do Estado.

Conforme o secretário executivo do comitê, o médico João Veiga, que já foi diretor médico do Hospital da Restauração (HR), 11% dos pacientes internados nessa unidade de saúde saem amputados ou paraplégicos. “To­dos eles saem do HR com alguma restrição física temporária. Ou seja, não podem trabalhar ou fazer algumas atividades e todos recebem atestado médico e ficam de licença por mais de dois meses”, informou. O doutor ainda frisou que 85% dos casos de acidente são causados pela imprudência do motorista. “Eles, geralmente, andam descalços, ultrapassam sinal e não usam capacete, ou colocam o equipamento sem atacá-lo. Quando caem, o capacete não adianta de nada”, afirmou.

Dessa for­ma, resta ao Go­­verno do Es­tado arcar com os custos do paciente. E a quantia necessária para esta atividade, conforme o Mi­nistério da Saúde, aumentou em 1.286%, de 2008 a 2011. Isto é, o que totalizava R$ 184 mil passou a somar R$ 2,5 milhões. Ainda segundo o órgão federal, consequentemente, o número de óbitos também cresceu, de 372 em 2008 para 634, em 2010. Sendo assim, os acidentes com motociclistas ultrapassaram os casos de atropelamento, que eram considerados os possuidores de maiores índices. “Em uma série histórica de dez anos, os atropelamentos sempre tiveram à frente de qualquer acidente de automóvel. Mas, nos últimos três anos, isso se inverteu. Em 2011, os acidentes de moto, considerando colisão e queda, ultrapassaram em 65% os atropelamentos”, atestou João Veiga.

O atendente Daniel Oliveira da Cruz, 37, sabe o que isso significa. Há 23 dias, ele está internado no HR, após sofrer um acidente de moto entre os municípios de Garanhuns e Canhotinho, no Agreste de Pernambuco. “Estava indo visitar minha irmã em Providência (distrito pernambucano) e vinha com minha esposa na moto. Não me lembro da batida, mas foi por causa dela que minha mulher faleceu”, contou. Daniel quebrou o fêmur, perdeu parte do braço esquerdo e ainda sente fortes dores. “Agora, estou esperando que alguns ferimentos cicatrizem para que eu possa fazer a cirurgia”, complementou.

Na opinião do atendente, ainda faltam mais ações para conscientizarem os motociclistas. De fato, Daniel está correto. “A gente instituiu a Operação Lei Seca, parando cerca de 150 mil automóveis em seis meses. A partir de agora, a operação vai se estender para as 11 Regionais de Saúde com duas equipes em cada uma. Também abrimos filiais do nosso comitê nessas 11 Regionais, onde se monitoram os acidentes de moto”, informou. Propagandas televisivas também são exibidas de modo a abordar a problemática.

Fonte: Folha-PE

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