Brasil 2018: política, crise e esperança

Por Ricardo Banana
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O filósofo francês Edgard Morin tem uma máxima que nos ajuda a pensar a situação brasileira atual: “tudo que não se regenera se degenera”. O nosso país passa por uma crise nos últimos anos que atinge todas as esferas da vida pública, sobretudo pelo que se apresenta por meio de nossa recente história democrática. É sentida essa incontestável crise a partir do ceticismo crescente com a chamada política partidária brasileira. Não mais se constata a confiança nas instituições partidárias como espaços representativos dos anseios e demandas de uma sociedade plural, multideterminada, forjada por uma história repleta de contradições e desigualdades.

Pode-se verificar que, a partir de inúmeros escândalos de corrupção nas esferas do legislativo, executivo e judiciário, há em curso um processo de crise constante que pede por mudanças. Os partidos sentiram essa necessidade e tentam a partir de trocas de siglas passar a ideia de que há algo novo como proposta de prática política, uma tentativa nem sempre feliz de se atualizar. Entretanto, o que se tem de forma geral são organizações político partidárias desarticuladas das verdadeiras necessidades do povo e do diálogo permanente com o social. Essas agremiações se apresentam em muitos casos como feudos de poder com cunho político que se perpetuam em oligarquias familiares.

A consequência imediata desta prática parece ser a conservação de uma tradição fisiologista na qual se fomenta a alienação do cidadão, na qual os eleitores, em muitos casos, trocam seus votos por benesses como: saco de cimento, dentadura, colchão, dentre outros. Isso termina por ajudar que supostos compradores de votos permaneçam no poder pelo aviltamento da consciência do coletivo.

Por outro lado, a necessidade de regeneração também é intrínseca a todo esse processo pelo qual passos enquanto nação, pois em um país que acaba de sair de um doloroso processo de troca de presidente por meio de um julgamento político-jurídico de impedimento, tem como consequência as reverberações no âmbito da vivência cotidiana, sentida como crescimento de fenômenos tais como: intolerância, fragmentação do tecido social e descrença no processo democrático.
A partir desse contexto renovar é a única saída. A esperança não é a última a morrer, pois de fato não morre. Vive-se a esperança em cada novo recomeço diário de uma população que mesmo tendo índices alarmantes de desemprego sai de casa todos os dias para conquistar seu ganha pão, valendo-se da criatividade como seu maior aliado para não se sucumbir ao caos.

Renovar, transformar, recomeçar mais do que meras palavras são ações diárias que nos convidam a, olhando para o espelho retrovisor com a paisagem do sofrimento como cenário de fundo, não perdermos a solidariedade do compartilhar como força que nos dá ânimo para encararmos um 2019 melhor. Façamos esforços para criarmos uma prática política responsável com a certeza de ser a única saída para nossos desafios do presente e do futuro.

Darlindo Ferreira
Professor Universitário

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