CPI do Cachoeira deve decidir hoje por quanto tempo prorrogará trabalhos

Por Ricardo Banana
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A menos de cinco dias para o prazo de encerramento dos seus trabalhos, os integrantes da CPI do Cachoeira se reúnem na tarde desta terça-feira (30) para definir por quanto tempo a comissão, que se encerraria no dia 4 de novembro, prorrogará seus trabalhos. A CPI tem como objetivo desvendar as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e empresas privadas.

Na última reunião dos parlamentares, em 16 de outubro, os integrantes da CPI utilizaram o período eleitoral como justificativa para a aparente “paralisação” dos trabalhos da CPI.

Partidos como DEM, PDT, PPS, PSDB e PSOL já expuseram o desejo de aumentar o prazo de trabalho da comissão em mais seis meses, enquanto o PT e PMDB, legendas com maioria no Congresso, ainda não se manifestaram oficialmente sobre qual período defendem de prorrogação.

Independentemente do prazo definido, será necessário fazer uma nova coleta de assinaturas de um terço dos membros da Câmara e do Senado, o equivalente a 171 deputados e 27 senadores, para que a CPI possa continuar em funcionamento.

Criada em abril, a CPI teve reflexo na cassação do senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO), condenado por colegas do Senado por quebra de decoro parlamentar pela relação de amizade com o bicheiro e por colocar o mandato a serviço dele.

Durante os quase seis meses de atividade, 42 pessoas foram ouvidas e dezenas de empresas e pessoas físicas tiveram seus sigilos bancários, fiscal e telefônico quebrados para identificar a relação delas com o contraventor preso desde fevereiro deste ano. Todas essas ações visavam o entendimento de como a quadrilha de Cachoeira atuava.

Na discussão de hoje, prevista para às 15h no Senado, os deputados e senadores que compõem a comissão deverão decidir sobre quais caminhos as investigações seguirão. Segundo a Polícia Federal, Cachoeira era uma espécie de “sócio oculto” da construtora Delta, a empreiteira que mais havia recebido recursos do governo federal desde 2007.

A investigação da PF encontrou indícios de que a maior parte dos valores que entraram nas contas de empresas fantasmas ligadas a Cachoeira é oriunda da Delta. Parte destes recursos seria destinado a políticos, por meio de doações de campanha e para apoio em renovação e contratação dessas empresas ou da própria Delta por órgãos públicos.

Inicialmente investigado pela atuação na área de jogos de azar que funcionavam, com maior incidência nos Estados de Goiás e no Distrito Federal, Cachoeira mantinha relações com deputados federais, pessoas ligadas aos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF), além de funcionários da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Receita Federal e Infraero, segundo interceptações feitas durante as operações Monte Carlo e Vegas da Polícia Federal.

Trabalho pendente

Entre os 533 pedidos a serem analisados, estão convocações e quebras de sigilo de empresas que seriam ligadas à organização criminosa e apontadas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) como laranjas da Delta.

A CPI também pode ampliar seu foco de investigação para atuação da Delta e suas supostas empresas fantasmas no Estado do Rio de Janeiro e em contratos com o governo de Sérgio Cabral (PMDB).

Com poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, a CPI tem como missão, ao término dos seus trabalhos, encaminhar suas conclusões ao Ministério Público, que pode tomar as possíveis providências judiciais. Dentro do próprio Legislativo, as análises da CPI poderão servir como base para a criação de projetos que eliminem brechas na legislação, no sentido combater casos de corrupção e outros crimes.

Fonte: UOl

 

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