Dengue: dá para evitar?

Por Ricardo Banana
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Enquanto a vacina não vem, prevenção contra o mosquito ainda é a melhor maneira de enfrentar o problema.

A situação se repete a cada verão: junto com a estação, chegam os casos de dengue. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 4,6 milhões de pessoas no Brasil vivem em áreas consideradas de risco para a doença. Ano a ano tem aumentado a conscientização da população e repetem-se as ações para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus que provoca a doença, favorecida pelas condições climáticas desse período do ano. E é importante que seja assim, pois, apesar dos vários estudos em andamento, o fato é que até o momento essa é a única arma de prevenção.

Foco de várias pesquisas no mundo todo, a vacina contra a dengue ainda não tem prazo para tornar-se realidade. “O grande desafio dos cientistas continua sendo o desenvolvimento de uma vacina capaz de proteger simultaneamente contra os quatro subtipos do vírus”, afirma o Dr. Luis Fernando Aranha Camargo, médico infectologista e chefe do Centro de Pesquisa Clínica do Einstein.

Outros estudos visam controlar o aumento da população do mosquito. Um deles, envolvendo insetos machos geneticamente modificados para tornarem-se inférteis, foi testado por uma empresa britânica nas Ilhas Cayman. Lançados na natureza, eles fecundaram as fêmeas, parte das quais passou a produzir ovos estéreis. O experimento reduziu em 80% a população de mosquitos na região, porém não há evidências de que tenha diminuído expressivamente o número de pessoas contaminadas. Mas, ainda que se comprove eficaz, a técnica, que precisa ser repetida anualmente, seria de aplicação inviável num país de dimensões continentais como o Brasil.

Já o uso de repelentes e inseticidas pode ajudar a combater o inseto. Mas sua utilização contínua tem também um efeito indesejado: os mosquitos que sobrevivem dão origem a gerações de insetos mais resistentes a esses produtos.

Também é preciso atenção para algumas soluções apresentadas como ‘recentes descobertas’ na prevenção da dengue, entre elas o consumo de vitaminas do complexo B e de pílulas de alho, cuja eficácia, pelo menos até o momento, não tem qualquer comprovação científica.

“Falar em dengue atualmente é falar dos esforços para o desenvolvimento da vacina e, sobretudo, das medidas de saúde pública para prevenir a doença”, resume o Dr. Luis Fernando. “Por que não organizar mutirões por bairro e oferecer desconto no IPTU para os voluntários que se apresentarem para limpar os reservatórios de água?”, sugere ele.

Diagnóstico e tratamento

De forma geral, o diagnóstico da dengue é feito é partir da avaliação clínica do paciente. Os principais sintomas da dengue clássica, a forma mais amena da doença e também a mais prevalente, são dores musculares, febre, náusea, diarréia, dor de cabeça e atrás dos olhos. Embora se assemelhe muito a uma gripe, a dengue não apresenta os problemas respiratórios comuns nos pacientes gripados. Caso considere necessário, o médico pode pedir a realização de exames de laboratório, como os sorológicos, que detectam o antígeno (vírus) e o anticorpo. Já o teste por biologia molecular – que determina se o vírus da dengue é do subtipo 1, 2, 3 ou 4 – é importante principalmente para saber se há uma nova variação do vírus em circulação em uma determinada região.

Uma vez que a pessoa foi contaminada, o período de incubação da doença é de três dias a uma semana. “Não existe um tratamento específico para a dengue”, afirma o Dr. Jacyr Pasternak, infectologista do Setor de Microbiologia do Departamento de Patologia Clínica do Einstein. “Recomenda-se repouso, beber muito líquido e tomar os remédios prescritos pelo médico para aliviar dores e febre”, explica.

Uma pessoa não se contamina duas vezes com o mesmo vírus da dengue. “Mas quem já teve dengue precisa redobrar os cuidados: uma segunda contaminação por um subtipo diferente do vírus pode provocar a dengue hemorrágica, muito mais grave e, às vezes, fatal”, alerta o Dr. Jacyr.

Segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, em 2011 houve uma redução de cerca de 25% no número de notificações de casos suspeitos de dengue em todo o país em relação ao ano anterior. Mas o cenário para este verão de 2012 recomenda redobrar o alerta. De acordo com o Ministério, embora continue predominando no país o subtipo 1, foi constada em 2011 uma circulação importante dos subtipos 2 e 4, o que, combinado às condições climáticas, acena para a possibilidade de persistência da transmissão do vírus em níveis elevados nesta estação.

Portanto, enquanto a vacina e outras táticas efetivas de combate à dengue não vêm, o melhor é prevenir seguindo o já conhecido receituário antimosquito: evitar vasos e outros recipientes onde a água se acumula, manter fechadas as caixas d’água, limpar calhas e telhados periodicamente.

Fonte: einstein.br

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