Esquivel: obra social de Lula é única no mundo

Por Ricardo Banana
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Impedido por uma juíza do Paraná de visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel destacou o legado de Lula e falou, em entrevista exclusiva à jornalista Jaqueline Deister, sobre as ameaças à democracia no Brasil. “O que o Lula fez com na área da política pública, nas políticas sociais, de tirar da pobreza mais de 30 milhões de brasileiros e brasileiras é um fato único no mundo, ninguém fez isso”, diz ele, que também ressalta a condenação sem provas do ex-presidente. “É uma suposição dos juízes que Lula é corrupto, por isso que digo que a democracia no Brasil está em perigo”.

Leia, abaixo, trechos da entrevista ao Brasil de Fato:

Vejo a democracia em risco, em perigo. Primeiro, porque as pessoas estão perdendo seus direitos como cidadãos. Cada vez mais, aumenta a repressão, o controle social e menos liberdade. Isso tem a ver com a repressão com a militarização do Rio e as ameaças dos chefes militares, de que se Lula não fosse preso, pensavam em um golpe de Estado. Isso é um perigo, um risco para a democracia. A democracia significa direito e igualdade para todos e todas. E hoje isso não existe.

O que o Lula fez com na área da política pública, nas políticas sociais, de tirar da pobreza mais de 30 milhões de brasileiros e brasileiras é um fato único no mundo, ninguém fez isso.  E foi reconhecido pela FAO, pela Nações Unidas, pela OEA, pelo Conselho Europeu. E hoje esse exemplo está sendo aplicado na África, para ver se os países africanos que têm um índice muito alto de pobreza extrema podem, com a metodologia e o trabalho realizado no Brasil, aplicá-lo em suas realidades. A outra coisa  que vemos é que no Brasil aconteceu um golpe de Estado, um golpe de Estado “brando”. Antes utilizavam os exércitos, hoje não precisam dos exércitos, precisam da cumplicidade de juízes, deputados e senadores que estão vendidos ao sistema de dominação.

Essa política está sendo aplicada em toda a América Latina, não só no Brasil. Esse golpe foi aplicado em Honduras, no impeachment de Manuel Zelaya, sem provas, tiraram ele da cama, de pijama, e mandaram-o embora do país. Foi aplicado no Paraguai, com Fernando Lugo, aqui no Brasil, com Dilma Rousseff. A primeira foi uma experiência-piloto e depois eles avançaram sobre o governo de Dilma. Naquele momento, eu falei sobre isso, em menos de um minuto, no Senado e disse que estavam dando um golpe de Estado na presidenta Dilma, para criar uma confusão gigantesca. Ou seja, essa é a política para deslegitimar tudo que foi feito, para dizer que tudo que foi feito é ruim. Fizeram isso com Lula, fizeram na Argentina, fazem em muitos lugares, acusando de corrupção. com Lula não há nenhum elemento sério jurídico para condená-lo como estão condenando.  É uma suposição dos juízes que Lula é corrupto, por isso que digo que a democracia no Brasil está em perigo. Estão impondo governos autoritários, governos que privilegiam o capital financeiro acima da vida das pessoas. O assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes é uma forma de pressionar e de gerar medo para que as pessoas não atuem. (247)

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