João da Costa recorre à direção do PT contra decisão da executiva

Por Ricardo Banana
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O prefeito do Recife, João da Costa, encaminhou à direção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) um recurso contestando a decisão da executiva da legenda, que apontou o senador Humberto Costa como candidato à disputa da prefeitura da capital pernambucana, nas eleições deste ano. João da Costa quer que a direção do PT reavalie a definição da executiva. A documentação foi encaminhada nesta segunda-feira (11), à sede do partido, em São Paulo.

A direção do PT em São Paulo confirmou que já recebeu os documentos referentes ao recurso. Na próxima quinta-feira (14), há uma reunião de rotina dos dirigentes e o tema poderá ou não entrar na pauta da discussão.

Entenda o caso

A primeira prévia do PT no Recife ocorreu no dia 20 de maio e foi cancelada após muita polêmica. Isso porque a lista original de aptos a votar incluía aproximadamente 20 mil pessoas – os filiados que quitaram suas contribuições individualmente até o dia 5 de maio – mas o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Jovaldo Nunes, habilitou a votar uma segunda lista, que teria, aproximadamente, 13 mil pessoas, causando desentendimento entre as duas partes. O PT do Recife tem aproximadamente 33 mil filiados.

As duas candidaturas recorreram à Justiça e várias liminares foram expedidas em relação à prévia. Uma determinação judicial impediu a divulgação oficial do resultado. Extraoficialmente, a contagem de votos favoreceu o atual prefeito, que teve cerca de 600 votos a mais que o adversário.

No dia 30 de maio, o deputado Maurício Rands anunciou sua renúncia, em favor do senador Humberto Costa, que seria o candidato de consenso do PT. Após a renúncia de Rands, o secretário nacional de Organização do PT, Paulo Frateschi, disse que não haveria como ter prévia por não haver um candidato para concorrer com João da Costa. Ainda de acordo com Frateschi, a decisão sobre quem seria o candidato da legenda à Prefeitura ficaria a cargo do diretório nacional.

No dia seguinte, 31 de maio, João da Costa reiterou sua intenção de continuar sendo o candidato do PT à reeleição, na disputa pela Prefeitura do Recife. “Pelo regimento, cabe à executiva nacional do partido homologar a minha candidatura, porque meu adversário desistiu”, disse. “Não havia circunstância política que me impedisse de ser candidato”, afirmou João da Costa, na época.

No dia 6 de junho, em reunião em São Paulo, a executiva nacional do partido apontou o nome do senador Humberto Costa como candidato da legenda à prefeitura do Recife, excluindo João da Costa da disputa. Em entrevista após o anúncio, Humberto usou tom conciliador e disse querer o apoio do prefeito do Recife . “Em nenhum momento das disputas vocês me viram fazer críticas pessoais ou no campo administrativo. Nosso questionamento sempre foi o tema da gestão política”, disse o senador sobre João da Costa.

Pedro Eugênio, presidente do PT em Pernambuco, participou do encontro. Questionado sobre a forma como foi tomada a decisão do partido de intervir no diretório municipal, Pedro foi incisivo: “Não foi autoritário, foi uma decisão legítima do partido. No entendimento da direção, as duas candidaturas perderam a condição de disputar. A executiva nacional tem a última palavra e pode até cancelar um resultado de prévia. Isso está em documentos e em uma decisão recente da executiva, referendada pelo diretório local. Se ela pode alterar quando tem resultado, imagine quando não tem”, disse Eugênio.

No dia 7 de junho, já no Recife, Humberto Costa concedeu entrevista coletiva e reafirmou a posição de nome consensual. “Eu me sinto em condições de ser a expressão da unidade do partido”. O prefeito João da Costa, que chegou à capital no mesmo dia, foi recebido com muita festa pela militância, no aeroporto. “É natural que a base do partido, que foi convocada para uma prévia pela própria executiva, se sinta indignada porque foi chamada a opinar e, no meio do processo, ele foi interrompido e foi imposto um outro candidato”, comentou, em entrevista rápida à imprensa, ainda no terminal aéreo.

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