Juro baixo anunciado pelos bancos só vale para casos especiais

Por Ricardo Banana
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Os meses de abril e maio foram marcados pela redução dos juros cobrados em diversas linhas de crédito de bancos públicos e privados no Brasil, mas o consumidor ainda não sentiu economia no bolso.

Amplamente divulgadas, as taxas mínimas de juros são aplicadas somente em casos muito específicos, como constatou a reportagem do R7 nos dias 9 e 10 de maio; a Fundação Procon de São Paulo, no dia 2 de maio; e uma pesquisa da Pro Teste (Associação dos Consumidores) realizada no fim de abril nos principais bancos de varejo do País.

Ao apurar a taxa oferecida para os juros do cheque especial, a reportagem verificou que, dentre os bancos Caixa Econômica Federal (1,35% ao mês), HSBC (1,39%) e Bradesco (8,19%), nenhum ofereceu a taxa mínima. A melhor condição de juros dependia do tempo de relacionamento com a instituição financeira, renda do consumidor e análise de crédito.

Na Caixa, onde foi informada a taxa de 4,27%, o juro poderia ser menor (3,5%) caso o interessado levasse a conta salário para a instituição. Essa conta é um mecanismo criado pelo Banco Central que permite ao cliente levar o salário para o banco de sua preferência.

O banco não informou, no entanto, o perfil do cliente que passou a pagar apenas 1,35% ao mês – historicamente, a taxa de juros mais baixa cobrada do consumidor no Brasil por esta modalidade de crédito.

No Banco do Brasil, foi constatada a taxa padrão atual para quem tiver conta salário, de 3,94%, de acordo com o que está sendo anunciado. Já o Itaú Unibanco não prestou atendimento pelo telefone.

Financimento do carro

Ao simular o financiamento em 24 meses de um veículo Gol 1.0 Flex, com quatro portas, ano 2011 e zero km, a Pro Teste também encontrou restrições para obter as menores taxas.

O órgão de defesa do consumidor visitou agências da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, HSBC, Itaú Unibanco e Bradesco em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Para as taxas mínimas houve uma série de exigências como prazo de financiamento, tempo de conta na instituição e número de parcelas, como foi verificado na Caixa, cujo menor juro para financiamento de veículos era de 0,89%.

No Bradesco, foi constatado que a taxa mínima de 0,97% só é válida se o cliente der entrada de 50% do valor do carro e parcelar o pagamento em, no máximo, seis meses.

Segundo a entidade, os pesquisadores tiveram dificuldades para obter simulação de financiamento no HSBC, uma vez que não eram clientes.

Foram encontradas diferenças também no valor cobrado pelo crédito pessoal feito nos bancos. Ao simular a contratação de um empréstimo de R$ 10 mil em 30 vezes, a Pro Teste encontrou a taxa de 7,31% no Bradesco (o mínimo anunciado era de 1,97%) e 2,49% na Caixa (onde o menor juro divulgado era de 1,80%).

Taxa máxima

A Fundação Procon-SP destacou que os anúncios dos bancos não informam a taxa máxima oferecida e há diferença nas nomenclaturas utilizadas pelos produtos, o que pode dificultar a comparação que o consumidor deve fazer.

Segundo o órgão, o Bradesco informa uma taxa para crédito pessoal, mas não especifica todas as linhas de financiamento pessoal oferecidas.

De acordo com o diretor executivo do órgão, Paulo Arthur Góes, os bancos serão notificados pelo Procon para provar a veracidade das informações colhidas nos sites e nos comunicados divulgados à imprensa.

— O consumidor deve pesquisar para escolher melhor, mas é obrigação das instituições financeiras informarem de forma clara e didática tudo sobre o produto que está sendo adquirido, incluindo dados sobre possíveis riscos e perdas.

Outro lado

O Bradesco informou que a negociação dos juros nas linhas de financiamento é avaliada caso a caso e leva em conta o relacionamento com o cliente. Esse “relacionamento”, basicamente, é o histórico de “bom pagador” do cliente. Com menos risco, os juros podem ser menores, alegam.

A Caixa, também em nota, utilizou-se do mesmo argumento para definir a taxa cobrada. A instituição explica ainda que as taxas de juros praticadas para o financiamento de veículos levam em consideração a análise do relacionamento do cliente com o banco, o prazo pretendido e a cota a ser financiada.

O juro mínimo, de 0,89% ao mês, se destina a todos os clientes, desde que o veículo tenha até cinco anos de fabricação, que o financiamento seja feito em até 12 meses e a cota financiada seja de até 50%.

O HSBC afirma que as taxas são definidas de acordo com o relacionamento entre cliente e banco. As taxas publicadas servem como referência e variam de acordo com a evolução do mercado financeiro.

Em nota, o Banco do Brasil informou que os juros para financiamento de veículos variam de acordo com as características da operação, como percentual dado na entrada, ano do veículo e prazo do financiamento. O mesmo discuros do relacionamento coom o cliente foi alegado pelo Itaú Unibanco.

Desde a última pesquisa da Proteste, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Bradesco e o Itaú Unibanco efetuaram novos cortes nas taxas. No quadro abaixo, acompanhe os juros cobrados atualmente:

Fonte: R7

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