O velho disco de Vinil e as Novas Tecnologias

Por Ricardo Banana
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Sou colecionador de vinil. Possuo quase todos os discos Lps de Luiz Gonzaga e obras completas em digital. Por isto fiquei atento a informação do USA Today informando o lançamento em vinil de todos os álbuns de estúdio dos Beatles. O material chegou ao mercado e incluiu também todo o trabalho de artes gráficas das antigas capas. Esta é a riqueza do vinil: as capas.

Depois de quase desaparecerem na virada para o século 21, a coisa mudou mais e mais lançamentos em vinil voltaram às lojas e às notícias. A volta do vinil, de acordo com a Modern Times “é fruto do público interessado em experiências mais ‘quentes’ e profundas com a música ‘disponível em formato analógico’”, anotou a revista.

A chegada do som digital prometia aposentar para sempre os antigos LPs, mas não foi isso que aconteceu: de acordo com estatísticas da Nielsen Soundscan, “vendas em vinil aumentaram a 3,9 milhões de unidades em 2011, acima dos 2,8 milhões em 2010. O relatório mostra que as vendas do vinil em 2012 teve mais de 15% de crescimento.

A explicação entre aficionados, especialistas e músicos diz que o som digital “achata” a música: graves e agudos “somem”. Os tons médios ganham destaque. Falta a “imprecisão” característica dos discos analógicos. É justamente esta imprecisão que torna o vinil tão especial: eles podem reproduzir com mais fidelidade a experiência auditiva de um concerto (sinfônico ou outro, como rock) com mais realismo que o pasteurizado som digital.

Percebo isto ao ouvir Luiz Gonzaga em vinil. Nestes percebe-se o som nitido do zabumbeiro e triangulo. A explicação corrente diz que a taxa de compressão dos arquivos digitais deixa de fora elementos primordiais para uma boa reprodução em áudio.

Durante algum tempo, cultivou-se o mito da superioridade inconteste do som digital. E, realmente, ele apresenta muitas vantagens. Mas, no mundo do áudio, na realidade, não há uma oposição rígida entre áudio digital e analógico. Os dois formatos são complementares. Ainda não há sinal inconteste da volta ao vinil, nem da superioridade absoluta e eterna do som digital.

Apesar de alguns sinais da volta do formato analógico para gravação de discos, esta tendência não é unânime. O jornal Estado de Minas publicou matéria sobre o assunto. Nela, Henrique Portugal, tecladista da banda Skank, anuncia o fim definitivo das mídias físicas: “Essas mídias físicas estão com os dias contados. O artista hoje tem de se preparar para saber explorar da melhor maneira possível as mídias digitais. Além de shows ao vivo, o faturamento do músico terá de vir dos acordos que fizer com sites e provedores, como o YouTube, e da sua capacidade de criar alternativas tecnológicas.”

A mesma matéria também apresentou a opinião da profissional de marketing Júlia Hammes, 23 anos, que usa os dois formatos e reconhece as vantagens e desvantagens de um e outro. Para ela, “a maior vantagem do vinil é a definição do som, mais natural, e o fato de poder aproveitar a experiência com os amigos”. Concordo com ela: ouvir música (popular, principalmente) em vinil é uma experiência muito mais enriquecedora do que escutar playlists atuais em formato digital. Escutar música em vinil é uma experiência social mais rica do que sentar para ouvir as playlists pasteurizadas digitais. Que muitas vezes acabam como fundo musical de conversas…

*Por Ney Vital – Jornalista

 

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