Rebaixamento desmonta farsa econômica

Por Ricardo Banana
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A decisão da agência Standard & Poor’s de rebaixar a nota de risco do Brasil, anunciada na noite da última quinta-feira, desmonta mais uma farsa do golpe de 2016. Já se sabia que a derrubada da presidente Dilma Rousseff não teve qualquer relação com o combate à corrupção. Uma presidente honesta, contra quem não pesa uma única acusação, foi substituída por uma organização criminosa, que tenta indicar para o Ministério do Trabalho uma infratora das leis trabalhistas. O que vem à tona, agora, é que o golpe representa também uma farsa no campo econômico – especialmente na política fiscal.

Para que se tenha uma compreensão da tragédia, é preciso voltar no tempo. Na era FHC, o Brasil caiu três vezes no colo do Fundo Monetário Internacional, porque não tinha solidez nas contas externas. Com a chegada do ex-presidente Lula, a primeira decisão tomada foi a de acumular reservas internacionais, numa política executada por Henrique Meirelles. Com isso, o Brasil saiu da condição de eterno pedinte à de credor internacional, com US$ 375 bilhões. O prêmio veio em agosto de 2018, quando a mesma S&P concedeu ao Brasil o selo de bom pagador.

Esta condição foi mantida em todo o primeiro governo Dilma e só foi perdida em setembro de 2015, ano em que ela ainda era presidente do ponto de vista formal, mas, na prática, não governava. Sabotada pela aliança formada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), hoje símbolo da impunidade nacional, e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), condenado a 15 anos de prisão, com Michel Temer atuando nas sombras, Dilma teve todas as suas iniciativas de equilíbrio fiscal sabotadas no Congresso. O resultado foi o rebaixamento do Brasil – o que serviu de combustível para alimentar a fogueira do golpe de 2016.

O que se prometia era o “ajuste fiscal” e a “volta da confiança”. Ledo engano. Todos os superávits fiscais acumulados por Dilma – sim, ela governou com equilíbrio nas contas públicas e basta consultar os dados oficiais para tirar a prova dos nove – foram queimados pela dupla formada por Temer e Henrique Meirelles. Só nos últimos dois anos foram R$ 270 bilhões e outro rombo de R$ 158 bilhões está previsto para 2018. Enquanto falavam em ajuste, os dois faziam exatamente o oposto – até porque um governo frágil e ilegítimo se torna refém do Congresso e de interesses espúrios.

Para não ser acusada de interferir nas eleições, a S&P decidiu antecipar o rebaixamento que já estava previsto para o Brasil, num movimento que deverá ser seguido pelas agências Moody’s e Fitch. Diante do quadro, se as elites nacionais fossem movidas pelo bom senso – e não pelo ódio irracional – já estariam chamando de volta justamente aquele que conseguiu o grau de investimento: Lula. (247)

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