PTB abraça conservadorismo, expurga quadros históricos e mira filiação de Bolsonaro

Por Ricardo Banana
A+A-
Reset

Mirando a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para a eleição de 2022, o PTB deu uma guinada ideológica, redefiniu sua política de alianças e iniciou um processo de expurgo de seus principais líderes nos estados. Comandado pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson, 67, condenado em 2012 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no escândalo do mensalão, o PTB reformou o seu programa e estatuto e abraçou o conservadorismo.

Atraiu políticos das franjas mais radicais do bolsonarismo e escancarou as portas o presidente. Bolsonaro, que viu naufragar a criação do Aliança pelo Brasil, negocia sua filiação com outros partidos, mas tem esbarrado no pleito de ter carta branca para comandar a legenda. A nova roupagem do partido vai na direção da persona assumida por Roberto Jefferson, que se notabilizou como membro da tropa de choque de Fernando Collor no início dos anos 1990 e por ter denunciado o mensalão do governo Lula, em 2005. Nas redes, tornou-se um ardoroso defensor de Bolsonaro, mimetizando os apoiadores mais radicais do presidente. Publicou fotos armado com um fuzil, fustigou ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e chegou a defender abertamente uma intervenção militar. Com isso, tornou-se alvo de busca e apreensão no inquérito do STF que apura a disseminação de fake news. Teve as suas contas em redes sociais bloqueadas pela Justiça, mas retornou à cena pública virtual criando novos perfis. Nas instâncias internas do PTB, o movimento mais brusco se deu a partir da eleição municipal, quando o partido buscou aproximar-se ainda mais do bolsonarismo por meio de alianças eleitorais. Ainda antes da eleição, o PTB baixou uma resolução que proibiu coligações com partidos de esquerda, veto que se estendeu a PSDB e DEM. O movimento teve resistência de parte dos líderes locais. Mas a direção nacional contra atacou e expurgou do comando dos diretórios estaduais os políticos que não concordaram com a nova cartilha petebista. Desde o final do ano passado, foram destituídos os presidentes de diretórios de São Paulo, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Maranhão, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Eles deram lugar a políticos alinhados a Bolsonaro. Sem o comando dos diretórios estaduais, os principais líderes do PTB nos estados começaram a deixar do partido. Políticos sem mandato foram os primeiros a sair, caso do ex senador Armando Monteiro Neto (PE) e dos ex-deputados federais Benito Gama (BA) e Alex Canziani (PR). (Blog do Everaldo)

Related Posts