“Há quem pense que a Operação Lava Jato é um consenso nacional. Que seus agentes são vistos como heróis pelo povo, que respalda com entusiasmo tudo que fazem. Pelo menos os cidadãos de bem, pois quem, senão os bandidos, poderia fazer-lhe algum reparo?”, questiona o sociólogo Marcos Coimbra, presidente do instituto Vox Populi, em novo artigo na revista Carta Capital.
Ele mostra em números como a estratégia montada por políticos, membros do Judiciário e imprensa não está mais dando certo, pelo menos se a pretensão é ter êxito nas eleições presidenciais de 2018.
“A Lava Jato foi construída pela imprensa conservadora como a vanguarda da luta contra a corrupção, e normal seria que tivesse 100% de aprovação. Apresentados há três anos como os paladinos desse combate, os responsáveis por ela no Judiciário, no Ministério Público e na Polícia Federal deveriam, a essa altura, ser aclamados por todos Esse consenso não existe, no entanto. Ao contrário, embora ainda tenha boa acolhida, o que vemos é, a cada dia que passa, diminuir o apoio de que desfruta. Na mais recente pesquisa CNT/Vox Populi, isso fica claro”, escreve Coimbra.
Quando perguntados a respeito da atuação do juiz Sérgio Moro, não chega a 50% a proporção dos que acham que ele ‘faz uma luta justa e usa métodos corretos’. No inverso dos 100% que deveríamos ter na avaliação do trabalho de um magistrado, apenas 47% concordam com o enunciado.
A discordância em relação aos métodos utilizados pelos agentes da Lava Jato é nítida nas respostas à pergunta a respeito de se é correto acusar Lula ‘sem provas, mas com convicções’, como eles próprios disseram. A proporção dos que acreditam ser isso errado é de 68%, enquanto somente 28% estão de acordo.
“No fundo, o teste do verdadeiro apoio que recebe da população é indireto. Ela (a Lava Jato) – e a imensa máquina de propaganda que a imprensa conservadora montou para potencializar seu impacto – está se revelando incapaz de provocar as mudanças que buscava. Pelo que as pesquisas mostram, se o povo puder escolher livremente os candidatos na próxima eleição presidencial, vai acontecer o oposto do que esses personagens querem”, diz o presidente do Vox Populi.
Para fechar a conta, Coimbra lembra que “a insistência no discurso anticorrupção se acentuou depois da chegada do PT ao poder. Quando Lula venceu a eleição de 2002 e começou a fazer um governo com larga aprovação popular, seus adversários na política, nos aparelhos de Estado e na sociedade enxergaram na manipulação do estereótipo um meio para enfraquecê-lo, uma vez que denunciá-lo por incompetência se mostrava difícil”. (247)
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