“Temer é submisso aos Estados Unidos”, avalia ex-presidente Dilma em entrevista

Por Ricardo Banana
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Em 6 de outubro, a Sputnik Brasil teve uma oportunidade única de entrevistar com exclusividade a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff no decorrer da sua visita à Rússia. Durante a conversa, fizemos questão de abordar não só as questões internas, mas também as da agenda geopolítica internacional.

Para qualquer cidadão brasileiro, bem como para um observador externo, fica evidente que com a chegada do novo governo, na sequência do impeachment da petista Dilma Rousseff no ano passado, a estratégia brasileira no palco internacional passou por várias mudanças. A Sputnik Brasil falou com a presidente afastada para descobrir sua opinião sobre o tema.

Sputnik Brasil: Bom, e passando pela agenda internacional um pouco. Há duas semanas, Michel Temer participou de um “jantar” organizado pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para os líderes de vários países da América Latina; o encontro foi dedicado à situação na Venezuela. A aliança com Washington no que toca a assuntos do continente sul-americano pode ser considerada segura? Como a senhora pode explicar o interesse elevado de Washington em relação à Venezuela?

Dilma Rousseff: Olha, Washington tem tido esse interesse elevado em relação à Venezuela há muito tempo, porque na América Latina, nessa região do mundo, se você considerar a produção global de petróleo, a Venezuela tem uma das maiores reservas do petróleo do mundo. Venezuela é um país bastante rico: tem terras férteis, a Venezuela é um país muito significativo na ordem da geopolítica internacional. O que é que acontece com o governo Temer? Quando eu disse que o golpe é para enquadrar a gente geopoliticamente, porque eu disse isso? Porque desde o governo Lula, passando pelo meu governo, nós tivemos uma atitude clara.

Especificando os principais pontos dessa “atitude”, Dilma destacou que o governo petista sempre deu “importância aos nossos vizinhos latino-americanos” e criou “espaços de articulação multilateral”, tais como a UNASUL e a CELAC, além do Mercosul que já existia. Em seguida, a ex-chefe de Estado brasileiro enfatizou os principais “fracassos” estratégicos da política externa do seu ex-companheiro na chapa.

“O governo Temer (além da gente ser pró-América Latina, nós somos a favor da África) assume e fecha as embaixadas na África ou diz que vai fechar as embaixadas na África. Por quê a África? Porque somos o maior país negro fora da África e, se você considerar as populações dos países africanos, somos a segunda maior do mundo depois da Nigéria. Então, o Brasil tem uma relação com a África que é de raiz, ou seja, integra sua nação. Então, a África era muito importante”, criticou.

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