Nessa época, frequentemente, vemos notícias sobre o aumento do número de casos de pessoas infectadas pelo vírus da febre amarela. Muitas ainda pensam que os macacos dos gêneros Alouatta, Callithrix e Sapajus (que ocorrem na caatinga) são os grandes vilões dessa história e desconhecem o fato de que esses animais são vítimas tanto quanto nós e sucumbem rapidamente. Na verdade, eles são os nossos sentinelas, ou seja, servem de alerta para as instituições de saúde, mostrando que tal área está sob o foco da doença, dessa forma, colaborando para a elaboração de ações preventivas. A febre amarela é transmitida somente pelo mosquito Aedes aegypti e mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, tanto nos humanos quanto nos macacos.
Em nossa região, predominantemente do bioma Caatinga, é muito comum encontrar até mesmo em áreas urbanas o sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus), um dos primatas mais conhecidos do Brasil. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), essa espécie tem sua origem na Caatinga (é endêmico ao Brasil, estando presente nos estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte como residente e nativo. Nos estados da Bahia, Maranhão, Sergipe e, possivelmente, no nordeste do Tocantins, como residente, mas com origem incerta. Nos estados do Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina como residente e introduzido. Além dessa espécie, há também o sagui-de-tufo-preto (Callithrix penicillata) tendo sua distribuição endêmica no Brasil, presente nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, São Paulo e no Distrito Federal, como residente e nativo, e nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina como residente e introduzido. Ambas as linhagens também são muito vulneráveis ao vírus e acabam morrendo rapidamente.
Pensando na conservação da fauna silvestre, o Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga inicia a campanha ‘Febre amarela não é culpa dos macacos!’ para alertar a população local e comunidade acadêmica do Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), zona rural de Petrolina, sobre a importância da conscientização a respeito do ciclo de transmissão do vírus da Febre amarela que no país, de acordo com o mais recente boletim epidemiológico, de 1º de julho de 2017 a 6 de fevereiro de 2018, há registro de 353 casos, sendo destes 98 mortes.
Pernambuco não consta no mapa de casos notificados e confirmados de contaminação com a doença, apesar disso, em Petrolina, a Secretaria Municipal de Saúde recebeu 200 novas doses da vacina que já estão disponíveis desde 19 de janeiro e reforça que o público-alvo (crianças – a partir dos nove meses – que viajarão para regiões consideradas de risco, bem como adultos – até 59 anos – na mesma situação) pode se dirigir até a AME Policlínica, das 8h às 17h, no centro da cidade.
Entenda o ciclo de transmissão da febre amarela
O vírus da febre amarela é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados. A doença não é passada de pessoa a pessoa. A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da doença.
Há dois diferentes ciclos epidemiológicos de transmissão, o silvestre e o urbano. Mas a doença tem as mesmas características sob o ponto de vista etiológico, clínico, imunológico e fisiopatológico. No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata. No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados.
A pessoa apresenta os sintomas iniciais 3 a 6 dias após ter sido infectada.
(Fonte – Ministério da Saúde)
Essas são orientações do Ministério da Saúde e dos órgãos ambientais federais:
- A denúncia de maus tratos a macacos deve ser feita pela Linha Verde do Ibama – 0800 61 8080. Lembramos que matar, perseguir, caçar ou ainda praticar abuso ou maus tratos é crime de acordo com a Lei federal 9605.
- Se encontrar macacos mortos, informe o Serviço de Saúde do município ou do estado pelo telefone 136.
Jaquelyne Costa/ Ascom Cemafauna