O coordenador regional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Florivaldo Araújo, informou que a Codevasf de Petrolina-PE se equivoca, pois de maneira ilegal e ilegítima, quer ter de volta a área do Projeto Pontal que voltou a ser ocupada por mais de 300 famílias neste sábado, 26, nos acampamentos Dom Tomás e Democracia.
“A Codevasf vem de forma ilegal e ilegítima, tentar mais uma vez de forma violenta até, usar a Polícia Militar e a segurança contratada por ela para tentar reprimir os trabalhadores e a gente fica muito angustiado e muito indignado. Vamos resistir a esse processo”, colocou o líder do MST.
Conforme Florisvalo, os trabalhadores rurais do movimento, tiveram sua produção esmagada pela forma truculenta que a polícia veio da outra vez cumprir a reintegração de posse no começo do mês.
“Havia um acordo com a Codevasf, com o Incra, e de maneira covarde, eles despejaram as famílias, usando de muita violência com as famílias que em nenhum momento se negaram sair. Nesse segundo momento, agora, é o momento das famílias resistirem e lutarem por seus direitos. Mais de 300 famílias cumprem o papel de resistência à licitação que está sendo feita, a forma que esse processo vem sendo operado pela Codevasf no Pontal”, disse o coordenador.
Florisvaldo frisa que a licitação vem sendo feita de uma forma ilegal e imoral. “Toda a sociedade está vendo. Não concordamos com esse edital, porque ele está atendendo empresários e famílias de políticos de Petrolina. Vamos continuar denunciando isso para a sociedade. A gente sente que a sociedade realmente compreendeu que essa licitação é fajuta, mentirosa, porque tem o objetivo de atender quem já é privilegiado e isso não vamos aceitar de forma alguma”.
A ocupação quer dialogar com a sociedade e colocar as terras para quem realmente precisa, acrescenta o coordenador do MST. “A Codevasf não pode continuar transformando mais de 30 mil hectares em mercadoria. A Codevasf não pode ter dono. Os políticos que mandam na Codevasf querem garantir suas aposentadorias, através dos lotes do Pontal e isso, nós não vamos permitir. Vamos denunciar”, ressaltou Araújo.
Florisvaldo diz que os trabalhadores são conscientes disso. São cidadãos, muitos nativos da região do Pontal, são catingueiros, que retornam à área para manter a luta. “Apesar das patrol contratadas pela Codevasf, terem tirado dos trabalhadores, não foram capazes de tirarem dos trabalhadores o sonho e a determinação de continuar lutando pelos seus direitos”, declarou.
Nova área, mas sem água – “Primeiro, não acreditamos no governo que está aí. Se a Codevasf quisesse resolver a situação das famílias, já tinha conseguido. Colocamos na mesa em discussão com a juíza que nós sairíamos com terra e água, sem problema. Conseguimos a terra com o Incra e a Codevasf de maneira raivosa, negou a concessão de uso da água, agindo de forma também preconceituosa. Enquanto isso, dar terras do Pontal para empresários, funcionários e familiares de políticos em Petrolina. Isso não vamos aceitar”, completou Florisvaldo Araújo.
O líder do MST regional lembra que não foi político que conseguiu arquivar a PPP do Pontal. “Não foi político nenhum, foi a nossa força, a luta dos trabalhadores e vamos cancelar também esse edital, por isso estamos nessa reocupação. A sociedade enxergou que tem coisa errada nisso”, argumenta Florisvaldo.
“Vamos buscar pelo menos 2 mil hectares nessa retomada do Pontal. A conjuntura mudou e nossa pauta também muda. Não vamos entregar terras públicas, da união, para quem já tem e muito. A produção inicia já na próxima semana. Não vamos nos intimidar. A gente sabe que essa perseguição vem do comando da Codevasf. Já pedimos uma explicação sobre a licitação e de qualquer maneira, vamos continuar na reocupação”, concluiu Florisvaldo Araújo.