A ameaça de corte da oferta de crédito, feita pela equipe econômica de Paulo Guedes, estressou os produtores. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, diz que um “desmame” radical dos subsídios pode desorganizar o agronegócio, que responde por 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. A ministra disse: “vamos quebrar a Agricultura? É esse o propósito?”. Ela ainda afirmou: “não pode criar um pânico no campo: acabou o dinheiro! Não é assim”.
A reportagem do portal Terra destaca que “a tensão entre os produtores cresceu depois que o presidente do Banco do Brasil (BB), Rubens Novaes, em entrevista ao Estado afirmou que o ‘grosso da atividade rural’ pode se financiar com as taxas de mercado. O ministro da Economia, Paulo Guedes, também avisou no Fórum Econômico Mundial de Davos que pretende cortar esse ano US$ 10 bilhões da conta de todos os subsídios do Tesouro em 2019. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Tereza Cristina, que liderou a bancada ruralista no Congresso, diz que o governo desenha um novo modelo de financiamento do setor agrícola, mas assegurou que nada será feito de forma unilateral pela área econômica.”
Sobre o crédito, Tereza Cristina diz: “no Plano Safra atual, que não fui eu quem fiz, já foi difícil porque o dinheiro do Tesouro está cada dia mais curto. Enquanto não resolvermos esse déficit público, é uma briga porque está todo mundo dentro da caixinha. Tira daqui e põe ali. É uma dança das cadeiras dentro do mesmo salão. Não dá para crescer o salão. Já estamos conversando sobre novas maneiras de financiamento.”
Sobre os subsídios, ela afirma: “em todos os campos, não só agrícola, é preciso ter muito cuidado também para ver como se vai comunicar isso. Não pode criar um pânico no campo: acabou o dinheiro! Não é assim. Está sendo discutido. O seguro é prioridade do Ministério da Agricultura, resolver para melhorar, diminuir as taxas, ter mais estatística e ser mais distribuído. Ele existe hoje, mas é caro. Não é um seguro que o agricultor toma e fica confortável. Temos que evoluir muito. Os Estados Unidos levaram 40 anos para chegar num modelo.”
Tereza Cristina ainda fala sobre a posição do Banco do Brasil: “assa discussão tem que começar, mas não é unilateral. Se fosse, não precisava vir aqui na Agricultura. A Economia resolvia com os bancos e ponto final. Não é isso. Vamos quebrar a Agricultura? É esse o propósito? Tenho certeza que não é. Foi criado um grupo de trabalho entre o Banco Central, Economia e nós. Está apertado o Orçamento, então vamos trabalhar. Por exemplo, os pequenos têm hoje juros 2,5% até 4,5%. Estamos de acordo em subir um pouco. Há espaço de manobra. Teremos que ceder aqui e eles vão ter que ceder de lá.” (247)