Saúde do estado reafirma que a Apami não poderia receber recursos de emendas para o Hospital Dom Tomás

Por Ricardo Banana
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A briga de argumentos e justificativas sobre o real destino dos repasses das emendas parlamentares para a Apami que administra o Hospital Dom Tomás (HDT), em Petrolina, referência em tratamento de câncer no interior pernambucano, teve mais um capítulo nesta quarta-feira, 13. A Secretaria de Saúde do estado que tem que receber os recursos dentro de um convênio para que fossem enviados ao HDT, enviou nota esclarecendo mais uma vez o assunto.

A polêmica virou uma queda de braço entre o governo do estado e o grupo que administra a maior cidade do sertão do estado, que tem como prefeito Miguel Coelho, sobrinho do diretor geral da Apami e do HDT, o médico Augusto Coelho que também é tio do senador Fernando Bezerra Coelho, DEM, pai do prefeito e autor de uma das emendas destinas ao hospital. Em ofício anexado à nota da secretaria, existe a solicitação de Fernando para encaminhar uma das emendas para a secretaria e repasse ao IMIP que administra o Hospital Dom Malan. Segue link do ofício: file:///C:/Users/Usuário/Downloads/Oficio%20Senador%20-%2014.10.2015.pdf

Plenário do Senado

A queda de braço deixa transparecer que a questão parece ser mais política do que técnica, pelo que diz a nota da SES. O tema virou alvo de vários comentários na cidade que envolvem o lado do prefeito, do senador e do deputado estadual Antônio Coelho, DEM, filho de Fernando e irmão de Miguel, ambos oposição ao governo estadual, e os parlamentares que defendem a gestão Paulo Câmara em Petrolina: deputados Lucas Ramos, PSB, e Dulcicleide Amorim, PT, esposa do ex-deputado Odacy Amorim (presidente do IPA), pretensos adversários ano que vem do grupo que hoje comanda a Pretura de Petrolina.

 Confira  nota da secretaria estadual de Saúde:

NOTA DE ESCLARECIMENTO/EMENDAS PARLAMENTARES

Sobre as emendas parlamentares federais supostamente destinadas à Associação Petrolinense de Amparo à Maternidade e à Infância (Apami), a secretaria estadual de Saúde (SES) esclarece:

1 – A informação de que os recursos das emendas citadas seriam destinados à Apami não tem nenhum fundo de verdade. Os valores jamais poderiam ter sido enviados à instituição. Uma possível transferência também iria contra a lei, sendo passível de penalidades dos órgãos de fiscalização e controle. Isso, porque a Apami não possuía as documentações, credenciamento e certificações necessárias para receber repasses oriundos da União. Além disso, o Ministério da Saúde, através da Portaria N° 3.134 de 2013, não permite a transferência destes recursos para unidades que não estejam vinculadas à Secretaria Estadual, como é o caso da Associação.

2 – Inclusive, ciente da impossibilidade da Associação receber os recursos federais, já em 14 de outubro de 2015, ainda na fase de manifestação de intenção da emenda, o próprio senador Fernando Bezerra Coelho reconheceu este impedimento e encaminhou ofício aos ministros da Saúde e da Secretaria Geral da Presidência da República, solicitando que o beneficiário dos recursos fosse alterado. No documento, ao invés da instituição, os valores passariam a contemplar a SES. O próprio senador justifica esta mudança pela “impossibilidade técnica” da Apami. ((O ofício segue anexo a esta nota)).

Portanto, ao contrário do que afirmam a Associação Petrolinense de Amparo à Maternidade e à Infância e o deputado estadual Antonio Coelho, as emendas não foram destinadas à Apami, mas sim à Secretaria Estadual de Saúde para beneficiar o Hospital Dom Malan. A transferência foi realizada fundo a fundo pelo Ministério da Saúde (MS) entre 2016 e 2017.

3 – Apesar de todo o arcabouço jurídico impedindo a destinação das verbas, os parlamentares continuaram insistindo na destinação dos recursos para a Apami. Por causa de toda celeuma gerada pelo tema, o processo de utilização dos recursos foi travado. Desta forma, também é mentirosa a informação de que restam apenas R$ 77 mil dos recursos. A verdade é que o saldo total nas contas onde as emendas estão alocadas é de R$ 5,9 milhões, superior aos R$ 5,3 milhões iniciais.

A Secretaria Estadual de Saúde, em uma última tentativa de resolver a situação, encaminhou, no final do ano passado, ofício ao Ministério da Saúde consultando se os recursos poderiam ser repassados à Associação. A resposta do ente federal não só excluiu por definitivo esta possibilidade, como ordenou que os recursos das emendas fossem devolvidos para a União. A SES já iniciou os trâmites para efetivar a devolução.

4 – Com relação ao contrato do Hospital Dom Tomás com o Estado, a SES informa que o serviço foi habilitado como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia pelo Ministério da Saúde apenas no final de novembro de 2018. Porém, por conta de pendências de documentação da própria Apami, houve atraso na efetivação da contratualização. No entanto, o processo já está em fase final, o que vai possibilitar o acréscimo de mais R$ 7,2 milhões/ano para o custeio da instituição.

5 – Por fim, a Secretária Estadual de Saúde reitera seu compromisso com a verdade e sua responsabilidade no uso dos recursos públicos em prol da população que necessita do SUS em Pernambuco.

 

 

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