O médico grego Christos Christou, presidente internacional dos Médicos Sem Fronteiras (MSF),disse em entrevista à Folha de S.Paulo que grande parte das 400 mil mortes por Covid-19 no Brasil poderiam ter sido evitadas se o país tivesse adotado medidas básicas de prevenção.
A entidade auxilia no combate à Covid-19 em 90 países, entre eles o Brasil, e tem grande experiência em epidemias. Sua opinião é de que as medidas que não foram tomadas no Brasil funcionaram no mundo todo.
“Muitas mortes e sofrimento podiam ter sido evitados no Brasil”, diz Christos Christou. Na opinião do presidente dos Médicos Sem Fronteiras, o Brasil é o único país onde a população ainda usa de forma maciça remédios sem comprovação científica como hidroxicloroquina e ivermectina, remédios que fazem mais mal do que bem às pessoas que usam.
O médico opina que o governo federal é o responsável pela falta de qualquer mensagem consistente para a população se proteger corretamente da Covid , de uma abordagem científica, e de uma resposta coordenada, centralizada.
“Posso dizer que muitas mortes e sofrimento podiam ter sido evitados no Brasil. Não consigo te dar números, obviamente existem modelos projetando, mas sabemos que poderíamos ter evitado muitas mortes, especialmente em locais onde não houve nenhuma preparação para receber um aumento de doentes muito graves”, afirma o médico Christos Christou.
Os lugares onde as pessoas receberam orientações corretas, mensagem e comunicação clara sobre o que fazer e o que não fazer, tiveram desempenho muito melhor. O campo de batalha da Covid não é apenas nos hospitais, é preciso agir nas comunidades, nos sistemas de saúde básica.
As mortes poderiam ser evitadas,se no Brasil tivessem feito o básico, “adotar as medidas que funcionaram em muitos lugares. Medidas de saúde pública, usar máscara, evitar deslocamentos desnecessários, fazer distanciamento social, usar mensagens consistentes e claras e não negar a gravidade da doença, negar a doença. Obviamente, as coisas poderiam ter sido melhores em todos os países. Mas o mínimo é não negar a doença, não ignorar o que está acontecendo bem na frente dos olhos de todo mundo. Deveriam ter ouvido mais ciência. Não sabemos tudo, mas, depois de um ano de pandemia, aprendemos muita coisa”.
(247)