Política

Em todo nordeste, trabalhadores da CHESF decidem sobre greve por tempo indeterminado

Os trabalhadores da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), em todo Nordeste, decidem nesta segunda, 24, se entram em greve por tempo indeterminado. Se aprovado, haverá a suspensão das atividades da empresa, inclusive nas áreas consideradas operacionais. O movimento ocorre em razão da tentativa do Governo Federal em dar sua cartada final para tentar a privatização da Eletrobras/Chesf ainda esse ano.

Mesmo com o processo em análise no TCU, onde a documentação das outorgas traz irregularidades e inconsistências nos números apresentados pelo Ministério de Minas e Energia (MME), pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e pelo Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE), a intensão do Governo é publicar o edital de privatização no primeiro semestre de 2022. Para isso, vem pressionando o TCU no sentido de aprovar o projeto ainda este ano e, dessa forma, assegurar que o processo de entrega das outorgas não se inicie no período eleitoral de 2022 e a privatização seja inviabilizada.

Segundo os dirigente da Federação Regional dos Urbanitáios do Nordeste (FRUNE), o governo vem se mobilizando de todas as formas. Nesta semana, o Conselho de Administração da holding lançou Edital para Assembleia Geral Extraordinária
– AGE relativa à privatização da Eletrobras. Mas, a Federação alega que a convocação fere o ACÓRDÃO N.º 3176/2021 – TCU – que deixa claro o seguinte texto:

Acórdão: ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, em interromper a apreciação por pedido de vista formulado pelo Ministro Vital do Rêgo pelo prazo regimental e autorizar a continuação dos estudos, ficando a eficácia das medidas concretas e as assinaturas dos contratos de outorga, dependendo da apreciação
do mérito do processo na deliberação que o Plenário fará quando do retorno do pedido de vista. LUZ CARA, PREJUÍZO PARA O NORDESTE E AMEAÇA AO RIO SÃO FRANCISCO
Uma eventual privatização da ELETROBRAS/CHESF representa um prejuízo enorme em todos os setores no Nordeste.

Além do aumento da conta de luz, que afeta diretamente toda população, a Chesf, no caso do Nordeste, tem uma relação de
proteção com o Rio São Francisco e com inúmeros setores da economia em toda a nossa região.

Para se ter ideia, praticamente toda a atual produção de alimentos por meio da irrigação no em Juazeiro e Petrolina se deve aos investimentos da Chesf na construção e operação do reservatório de Sobradinho. A Chesf monitora a qualidade da água que garante o consumo humano, animal e produção de alimentos saudáveis.

A Companhia é responsável pela preservação das margens do Rio São Francisco, plantando mais de um milhão de mudas de árvores, a partir da sua sementeira construída em Paulo Afonso. A Chesf colabora no desenvolvimento do turismo em Canidé do São Francisco, segundo polo turístico do estado de Sergipe, responsável pela grande geração de emprego e renda na região.

A Universidade do Vale do São Francisco hoje funciona em Paulo Afonso em prédios cedidos pela Chesf, com cursos de medicina e engenharia. Sua sede será construída em terreno doado pela companhia. O Hospital da Chesf, que sempre foi mantido pela companhia ao longo de mais de 70 anos atende a população de três estados do Nordeste (Bahia, Sergipe e Alagoas) de mais de vinte e dois municípios, num total de 700.000 habitantes, com média de nove mil consultas por mês.

ELETRICITÁRIOS DECIDIRÃO EM ASSEMBLEIAS NESTA SEGUNDA, 24, SE
ENTRAM EM GREVE CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS/CHESF
ELETROBRAS/CHESF SÃO LUCRATIVAS

A Chesf é a empresa do Setor Elétrico que mais paga compensação financeira no Brasil pelo uso da água aos municípios e aos estados onde se localizam suas usinas, a maioria delas no São Francisco. Somente no primeiro trimestre desse ano, a empresa apresentou um lucro líquido de R$ 466 milhões. Em 2020, o lucro líquido alcançou R$ 2,1 bilhões. Já
Eletrobras teve em 2020 um lucro de R$6,387 bilhões, mesmo em um ano marcado pelo início da pandemia de covid-19.

Em 2021, os números foram ainda melhores para ambas, com crescimento desse montante em cerca de 36%. SOBERANIA DO PAÍS EM RISCO
Maior estatal da América Latina, a Eletrobras é responsável por 1/3 da produção de energia elétrica do Brasil. Caso seja privatizada, o país estará entregando à iniciativa privada um dos setores mais estratégicos para a soberania nacional. A Eletrobras é vinculada ao Ministério de Minas e Energia, sendo que 62% das ações da companhia pertencem ao governo.

A proposta que tramita no Congresso Nacional prevê a venda de parte destas ações na Bolsa de Valores, de modo a diluir a participação da União no capital social da estatal. Na prática, a operação representaria a perda de controle da companhia e da autonomia sobre o setor elétrico do país por parte do governo.

A privatização da estatal será acompanhada da assinatura de novos contratos de concessão para as usinas hidrelétricas por 30 anos. Esses novos contratos permitirão que a companhia comercialize a energia produzida a preços de mercado, e não mais por uma tarifa regulada pela ANEEL, como acontece hoje. Atualmente, a maior parte destas usinas da Eletrobras vendem sua energia a um custo menor que as empresas privadas. Os dados da ANEEL revelam que o preço atual de venda da energia produzida por suas hidrelétricas é de R$ 65,30/1.000 kWh, enquanto as usinas privadas cobram o valor demercado, que é em média R$ 250,00/1.000 kWh.

Contatos:
FRUNE – Federação Regional dos Urbanitários do Nordeste
PE – Fernando Neves – Diretor da FRUNE –

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