O ato político do Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil em Olinda (PE), na noite de hoje, 21, começou com um depoimento emocionado, quando o médico José Paulo do Santos, que começou a vida como catador de recicláveis e servente de pedreiro antes de estudar por meio do Prouni, contou sua história de vida para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O evento aconteceu na Classic Hall, uma casa de eventos na Região Metropolitana de Recife.
“Eu sou médico, mas antes de ser médico era filho de um pedreiro e fui servente de pedreiro com meu pai. E eu sou o primeiro médico em 5 gerações na minha família, e eu só sou médico porque aquele presidente que está ali acredita na gente, acredita no povo. E foi graças ao ProUni, foi graças aos programas sociais do PT que hoje eu tenho o privilégio de estar aqui”, contou José Paulo.
Após receber um abraço do ex-presidente, ele contou como, junto com seus pais e irmãos, chegou a viver nas ruas em Minas Gerais, coletando latas e outros materiais recicláveis. Depois, morou em uma favela em Belo Horizonte. Sem fazer cursinho, conseguiu cursar Medicina pelo ProUni e se formar, antes de ir trabalhar em Ipojuca (PE) por meio do programa Mais Médicos. Para ele, retomar as políticas públicas dos governos petistas é essencial para recuperar o país.
“Para que a gente não seja apenas catador de papel, com muita dignidade. Para que a gente não cate latinha, mas que nós possamos ser médicos, que possamos ser arquitetos, que possamos ser engenheiros. Esse presidente não mudou apenas a minha geração, ele mudou todas as gerações que virão a seguir, porque foi um presidente que investiu em universidades federais, que investiu em Institutos Federais”, disse ele.
Em seu discurso, no encerramento do ato, Lula chamou José Paulo de volta para o palco e disse que a história do médico reflete os principais valores pelos quais guiou seu governo: possibilitar que o povo pobre e trabalhador tenha igualdade de oportunidades no país.
“Quantas pessoas pobres e negras conseguiram o diploma de doutor? Eles não querem ver o povo na universidade porque eles sabem que o rico não é mais inteligente que o pobre. O que o pobre precisa é ter oportunidade igual para competir no emprego, nas universidades”, declarou o ex-presidente.
Para ele, a inclusão de milhões de brasileiros no mercado interno foi o que ajudou o Nordeste e Pernambuco, em particular, a sair de uma situação de séculos de abandono. Tudo graças a políticas públicas de qualidade.
“Eu imaginei que a gente poderia fazer, e conseguimos tirar o Brasil do Mapa da Fome, conseguimos fazer o Brasil ser respeitado no mundo inteiro. Conseguimos ver o Nordeste ter mais universidades, mais escolas técnicas, ter mais doutores e mais mestres, mais cientistas. Muitas vezes o crescimento do PIB do Nordeste era acima do crescimento da China. Veio para o Nordeste uma indústria que antes só ficava no centro-sul do país, porque era lá que tinha mais mão de obra qualificada”, destacou.
Para Lula, a decisão feita em seu governo, de tratar as unidades da federação com mais equidade, foi um dos ingredientes principais que ajudaram a impulsionar a economia brasileira.
“A gente resolveu que era possível criar uma política de distribuição de renda, e que todos os estados tivessem chance de crescer economicamente. É por isso que nós fizemos o porto (de Suape) junto com o estado. Por isso que começamos a fazer a (ferrovia) Transnordestina que lamentavelmente ainda não ficou pronta. Fizemos a transposição do São Francisco, que desde 1846 se tentava fazer e ninguém tinha coragem. E nós fizemos o canal para levar água para 12 milhões de pessoas que moram no Semiárido”, lembrou.