O Ministério da Defesa deve entregar um relatório de fiscalização das urnas eletrônicas de votação ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), nesta quarta-feira (9). O documento é considerado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) como fundamental para atestar a segurança das eleições, na qual foi derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O Ministério da Defesa informa que, no próximo dia 9 novembro, quarta-feira, será encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o relatório do trabalho de fiscalização do sistema eletrônico de votação, realizado pela equipe de técnicos militares das Forças Armadas”, diz a nota da Defesa divulgada nesta segunda.
O que é o relatório do Ministério da Defesa sobre as urnas?
Na véspera do primeiro turno da eleição, o Ministério da Defesa explicou ao TCU (Tribunal de Contas da União) no dia 30 de setembro que coletaria boletins de urna para fazer a checagem da totalização dos votos.
Na resposta ao TCU, a Defesa ainda afirmou que não pretende usar os boletins de urna para fazer as contas e descobrir o resultado final da eleição. O objetivo é apenas conferir se os votos não sofrem alterações durante a transmissão dos dados para o TSE.
No ofício, os militares falam em conferência de dados e não em totalização.
Porque os militares estão fazendo uma fiscalização paralela das urnas?
A atuação das Forças Armadas na fiscalização das eleições tem sido utilizada por Bolsonaro para justificar seu esforço de desacreditar as urnas eletrônicas.
Desde antes do pleito, Bolsonaro e seus apoiadores passaram meses fazendo ataques sem provas e sem fundamentos sobre a segurança e a inviolabilidade das urnas eletrônicas.
Nesse cenário, o presidente passou a citar a fiscalização das Forças Armadas como primordial para concordar com a segurança da eleição.
Agora, com manifestações golpistas eclodindo pelo país, o relatório das Forças Armadas é apontado como “a última tábua” de salvação e sustentação do discurso antidemocrático caso apresente qualquer divergência do resultado divulgado pela Justiça Eleitoral.
Como funciona o relatório das Forças Armadas sobre as urnas eletrônicas?
Depois do fechamento das urnas, técnicos das Forças Armadas fizeram verificações sobre o teste de integridade e a checagem da totalização dos votos, comparando as informações de cerca de 400 boletins de urna em 153 municípios com os dados que chegaram ao TSE para a contagem.
Os militares informaram que a amostra de cidades não será aleatória. De acordo com os integrantes da Defesa, a definição foi feita seguindo princípios metodológicos de estatística.
As Forças Armadas também trabalharam com um projeto-piloto com uso da biometria para testar 58 aparelhos acoplados às urnas.
Qual foi o resultado do relatório do Ministério da Defesa?
Apesar de o resultado ainda não ter sido divulgado oficialmente, as Forças Armadas não encontraram nenhuma irregularidade no primeiro turno das eleições.
A princípio, os militares avaliavam que os processos apresentaram pequenas falhas, especialmente no teste de integridade. Os problemas, de acordo com os relatos, foram mínimos e não tiveram potencial para prejudicar o resultado do pleito, e poderiam apenas ensejar somente recomendações de aperfeiçoamento ao TSE.
As conclusões do trabalho já teriam sido, inclusive, descritas a Bolsonaro pelo próprio Ministério da Defesa.
Apesar disso, Bolsonaro não autorizou a divulgação dos resultados, relataram três generais, sendo dois do alto comando, a fontes da equipe da coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo.