O câncer de pele é o mais comum de todos os tipos de câncer no Brasil, afetando tanto homens quanto mulheres. Com a chegada do verão, a prevenção se torna ainda mais importante, uma vez que cerca de 65% dos casos desse tipo de câncer são provocados pelos raios ultravioletas, emitidos principalmente pelo sol, mas também em certas atividades industriais.
Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o país deve contabilizar 220,5 mil novos casos de câncer de pele não melanoma e 9 mil novos casos de câncer de pele melanoma a cada ano entre 2023 a 2025. Como o câncer é uma doença que não possui notificação obrigatória, não existem dados de incidência, mas sim dados de estimativas.
Em termos de proporção da população, o risco estimado de câncer de pele não melanoma é uma média de 102 casos por 100 mil habitantes, sendo 102 mil em homens e 118,5 mil em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 96,5 casos novos a cada 100 mil homens e 107 a cada 100 mil mulheres.
Segundo o chefe da seção de dermatologia do Inca, Dolival Lobão, visitar um especialista ao menos uma vez por ano é muito importante para uma rotina de prevenção ao câncer de pele. “Qualquer ferimento que surja na pele e permaneça por mais de 10 dias deve ser avaliado. Indivíduos com pele muito branca devem ficar atentos a alterações na cor, forma ou dimensões das pintas preexistentes”, explica Lobão.
No Brasil, as pessoas encontram no Sistema Único de Saúde (SUS) tanto as ferramentas de diagnóstico para câncer de pele em caso de suspeita, bem como diferentes formas de tratamento. Em relação ao diagnóstico, é possível a utilização da dermatoscopia simples ou do mapeamento dermatoscópico. Já no que se refere ao tratamento, este depende do tamanho, gravidade e estágio do tumor. Os métodos mais comuns são: cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia, terapia alvo e terapia fotodinâmica.
Apenas em 2023, foram realizadas no SUS 65,4 mil cirurgias, 6,8 mil procedimentos de quimioterapia, e 6 mil procedimentos de radioterapia, todos relacionados ao tratamento do câncer de pele.
Radiação ultravioleta
O principal fator de risco para todos os tipos de câncer de pele é a radiação ultravioleta, que induz a lesões no DNA. O dano produzido pelas radiações é cumulativo. Para o câncer de pele melanoma, merecem destaque ainda as radiações ultravioletas não naturais, como lâmpadas e camas solares, e a exposição aos bifenilos policlorados.
Evitar o sol é a medida preventiva mais importante para se proteger da doença, seja privando-se da exposição no horário de maior incidência de radiação – das 10h às 16h – ou usando filtro solar e roupas adequadas.
O câncer de pele é mais comum em pessoas de pele clara acima dos 40 anos, porém, esse perfil de idade vem diminuindo. O câncer do tipo melanoma é a variação mais agressiva, que ocorre nas células produtoras de melanina. Já o câncer não melanoma pode ser de diferentes subtipos, sendo o carcinoma de células escamosas, ou carcinoma basocelular, a variante mais comum da doença.
Em relação ao câncer de pele não melanoma, entre os fatores associados, além da idade, conta o sexo e ocupação, como trabalho em fabricação de vidros, indústria de eletrônicos, produção e manuseio de óleo mineral não tratado, metalurgia, produção e manuseio de alcatrão de carvão, refinamento do petróleo e brigadas de incêndio. Por fim, o uso de medicamentos imunossupressores, como ciclosporina e azatioprina, antifúngicos, como voriconazol, e diuréticos, como hidroclorotiazida, associados à exposição solar, também aumentam o risco.