Segundo força-tarefa, esquema envolvia cerca de mil postos de combustíveis no país. PCC sonegou mais de R$ 7,6 bilhões em impostos
Principal alvo da megaoperação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, e da Receita Federal deflagrada nesta quinta-feira (28/8), o empresário Mohamad Hussein Mourad (foto de destaque) é apontado como o epicentro do esquema criminoso no setor de combustíveis que envolve o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a Faria Lima, maior centro financeiro do país. Mourad é alvo de um dos 350 mandados de busca e apreensão que estão sendo cumpridos desde o início da manhã.
Veja outros alvos da operação:
- Mohamad Hussein Mourad e Roberto Augusto Leme são apontados como operadores centrais do ecossistema criminoso. Ambos são ligados às empresas Aster e Copape.
- Marcelo Dias de Moraes, presidente da Bankrow Instituição de Pagamento, instituição financeira que participava do esquema de lavagem.
- Camila Cristina de Moura Silva/Caron, diretora financeira da BK, fintech apontada como “banco paralelo” do esquema de adulteração de combustíveis com metanol. A investigação aponta que a instituição tem “procurações cruzadas” com a Bankrow.
- Valdemar de Bortoli Júnior, com vinculação às distribuidoras de combustíveis Rede Sol Fuel e Duvale.
- José Carlos Gonçalves, vulgo “Alemão”, apontado por ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
- Lucas Tomé Assunção, contador vinculado à GGX Global Participações, empresa dona de 103 postos de gasolina, e à Usina Sucroalcooleira Itajobi.
- Marcello Ognibene da Costa Batista, contador de múltiplas empresas com indícios de fraude societária.
Além das pessoas físicas, empresas e instituições financeiras são alvo da megaoperação.
Veja a lista com os principais alvos:
Instituições de pagamento
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- BK Instituição de Pagamento S.A.
- Bankrow Instituição de Pagamento S.A.
- Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda.
- Reag Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.
- Altinvest Gestão de Administração de Recursos de Terceiros Ltda.
- BFL Administração de Recursos LTDA
- Banco Genial S.A.
- Actual Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.
- Ello Gestora de Recursos LTDA
- Libertas Asst S/A
- Banvox Distribuidora de Títulos e Valores LTDA
- Zeus Fundo de Investimento em Direitos Creditórios
- Brazil Special Opportunities Fund
- Atena Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia
- Olimpia Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado
- Minesotta Fundo de Investimento Imobiliário
- Pinheiros Fundo de Investimento Imobiliário FII
- Olsen Fundo de Investimento Imobiliário Responsabilidade Limitada
- Mabruk II Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não-Padronizados
- Radford Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado
- Participation Fundo de Investimento em Participações em Cadeias Produtivas Agroindustriais
- Zurich Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia
- Pompeia Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia
- Location Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia
- Derby 44 Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado
- Los Angeles 01 Fundo de Investimento Imobiliário
- Gold Style Fundo de Investimento em Direito Creditório Não Padronizado
- Hans 95 Fundo de Investimento Multimercado e Investimento no Exterior
- Celebration Fundo de Investimento em Participação Multiestratégia
- Keros Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia
- Fundo de Investimento Imobiliário FII Enseada
- Fundo de Investimento Imobiliário Ruby Green
- Fundo de Investimento Imobiliário Green Eagle
- Pegasus Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia
- Paraibuna Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia
- Fundo de Investimento Imobiliário Toronto
- Mam ZC Tesouro Selic FI Renda Fixa DI Soberano
- Anna Fundo de Investimento em Cotas de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios
- Reag High Yield Fundo de Investimento em Direitos Creditórios
Distribuidoras e administradoras de postos de combustíveis, conveniência e padarias
- Aster Petróleo Ltda.
- Safra Distribuidora de Petróleo S/A
- Duvale Distribuidora de Petróleo e Álcool Ltda.
- Arka Distribuidora de Combustíveis Ltda.
- GGX Global Participações SA
- Ciclone Gestão e Participações Ltda.
- Latuj Participações Ltda.
- Lega Serviços Administrativos SA
- Vila Rica Participações Ltda.
- Khadige Conveniência Ltda. (denominada Empório Express Ltda.)
- Dubai Administração de Bens Ltda.
Segundo as investigações, Mourad e Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como Beto Louco, seriam os principais operadores por trás do ecossistema fraudulento que envolveria toda a cadeia de combustíveis, desde a importação, produção, distribuição e comercialização ao consumidor final até os elos finais de ocultação e blindagem do patrimônio, via fintechs e fundos de investimentos.
Mourad é investigado há anos por atividades ilícitas e, no passado, foi associado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Nesta quinta-feira, o empresário, Beto Louco e cerca de outras 350 pessoas físicas ou jurídicas foram alvo de mandados de busca e apreensão.
A dupla é acusada de operar uma extensa rede de familiares, sócios, administradores e profissionais cooptados para a execução das fraudes, além gerir fundos de investimentos para ocultação e blindagem patrimonial.
Para isso, Mourad e Roberto teriam instrumentalizado a empresa formuladora Copape e a distribuidora Aster para desempenhar fraudes fiscais e contábeis, falsidades, e lavagem de dinheiro, montando um ecossistema de crimes vinculado não só ao PCC, como também a outros grupos criminosos.
Contadores, fintechs e fundos de investimento
Esse esquema seria extremamente complexo e envolveria diversos núcleos. A parte financeira tinha contadores, que realizavam as transações financeiras; fintechs, usadas para lavar o dinheiro do crime; e fundos de investimentos, que ocultavam o patrimônio dos envolvidos. O grupo teria usado 40 fundos com patrimônio de R$ 30 bilhões, geridos por operadores da Faria Lima, centro financeiro do país.
Havia também o núcleo de transporte, responsável pela frota de caminhões usados na logística de distribuição de combustível e desvio do metanol adquirido pelo grupo; e o de postos de combustíveis, que adulterava a gasolina vendida para o consumidor final.
Entenda como funcionava o esquema bilionário
A megaoperação deflagrada na manhã desta quinta-feira (28/8) aponta um complexo esquema de fraude em postos de combustíveis e fintechs.
De acordo com a investigação, a fraude começava na importação irregular de metanol, que chega ao país pelo Porto de Paranaguá, no Paraná. O produto, que era para ser entregue para empresas de química e biodiesel indicados nas notas fiscais, era desviado para postos de combustíveis.
Fonte: Metrópoles
