Saúde

Popularização das “canetas emagrecedoras” acende alerta sobre riscos e uso sem orientação profissional

Especialista explica que medicamento pode auxiliar em casos específicos, mas não substitui reeducação alimentar

O uso de medicamentos à base de semaglutida – como as famosas injeções Ozempic e Monjauro – tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil e no mundo. Designado, inicialmente, para o tratamento do diabetes tipo 2, este tipo de fármaco passou a ser utilizado também em processos de perda de gordura. Isso tem levantado discussões sobre a real indicação, contraindicações e consequências do uso sem acompanhamento profissional.

Uma pesquisa conduzida pela USP sobre o perfil dos consumidores das chamadas “canetas emagrecedoras” apresentou à Anvisa um estudo evidenciando que 45% dessas pessoas adquiriram o produto sem prescrição médica. Desse percentual, 73% não tiveram orientação de um profissional de saúde, e mais da metade utilizou apenas para fins de emagrecimento, sem possuir patologias.

Ingrid Rafaella, coordenadora do curso de Nutrição da UNINASSAU Petrolina, explica que injeções como Ozempic podem ser benéficas para pessoas com doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e hipertensão, inclusive se relacionadas à obesidade, pois ajudam no controle da glicose. No entanto, não devem ser utilizadas como única solução para perda de gordura. “Esses medicamentos atuam simulando hormônios intestinais que regulam o apetite e a saciedade. Logo, a função deles é auxiliar no processo de emagrecimento, e não substituir o tratamento, que deve priorizar mudanças no estilo de vida, como reeducação alimentar e prática de exercícios físicos”.

A nutricionista ressalta a importância de evitar a automedicação e de procurar um especialista, a fim de garantir uma avaliação correta e prevenir consequências negativas. “O uso indiscriminado dessas injeções, sem acompanhamento profissional e mudança de hábitos, pode acarretar diversos efeitos colaterais, como problemas gastrointestinais (náuseas, diarreia, vômitos); cálculos biliares; pancreatite; hipoglicemia e desidratação. Além disso, há, ainda, o chamado efeito rebote no peso, onde tudo o que foi perdido é recuperado, após interromper o uso do medicamento”, alerta.

Para Ingrid Rafaella, a popularização do uso das canetas reflete a busca da sociedade por resultados rápidos. Todavia, a nutricionista garante que esse caminho pode ser perigoso. “A avaliação profissional e a construção de hábitos alimentares equilibrados, além da prática regular de atividades físicas são indispensáveis para garantir que tratamentos patológicos que envolvem perda de gordura sejam realizados de forma saudável e com resultados duradouros”, reforça.

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