Meio Ambiente

Noronha ganha projeto que pretende descarbonizar a ilha até 2027

Com investimento de R$ 350 milhões, o projeto tem como meta reduzir em até 85% o uso de combustíveis fósseis na geração de energia da ilha

Com previsão de conclusão para 2027, o projeto Noronha Verde foi lançado neste sábado (8) pelo Governo de Pernambuco, Governo Federal e Neoenergia. A iniciativa pretende descarbonizar toda a geração de energia de Fernando de Noronha, com obras previstas para começar ainda em novembro. A primeira etapa deve ser entregue em maio de 2026, e a finalização total, no primeiro semestre do ano seguinte.

Com investimento de R$ 350 milhões, o projeto será implantado em duas fases e promete transformar o arquipélago na primeira ilha 100% sustentável da América Latina. A primeira contempla a instalação de mais de 30 mil painéis solares integrados a sistemas de armazenamento por baterias, em uma área de 24,63 hectares, equivalente a 1,5% do território de Noronha. As principais usinas do projeto são a Noronha 1, Noronha 2 e as flutuantes, que somam mais de 4 mil placas distribuídas em um espaço que representa cerca de 5% da ilha. A segunda fase será concluída em 2027, quando o arquipélago deverá alcançar 100% de geração limpa e renovável.

O projeto é resultado de uma parceria entre a Neoenergia, o Governo de Pernambuco e o Governo Federal, por meio do Ministério de Minas e Energia. Além das autoridades e representantes, estiveram presentes o deputado federal Waldemar de Oliveira; o Tenente Brigadeiro da Aeronáutica, Marcelo Kanitz e o presidente executivo da Iberdrola, Ignacio Sánchez Galán.

Durante a cerimônia de lançamento, a governadora Raquel Lyra destacou o papel de Pernambuco na agenda de sustentabilidade e o impacto direto que o projeto terá para moradores e turistas. Segundo ela, o projeto representa um passo decisivo rumo a um modelo energético mais limpo e eficiente para o arquipélago.

“O lançamento do Noronha Verde é um investimento crucial. Trata-se de um aporte milionário, proveniente do governo federal, do governo estadual e da Neoenergia, com o objetivo de substituir o óleo diesel por energia solar na matriz energética de Fernando de Noronha. A decisão inicial foi tomada a partir de uma iniciativa, em conversa realizada no Palácio. Em pouco tempo, concretizamos este anúncio de investimentos, garantindo que a ilha dobre sua capacidade de uso de energia, otimizando seus processos de fornecimento e permitindo, no futuro, a ampliação da capacidade de receber visitantes”, afirmou a gestora.

Para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o Noronha Verde é um símbolo do protagonismo brasileiro na transição energética global. Ele ressaltou que o projeto reforça o compromisso do país com a descarbonização e servirá como referência para outras regiões isoladas que buscam reduzir o uso de combustíveis fósseis.

“O Brasil lidera a transição energética global. Nós avançamos nessa nova economia, que é a economia verde. Fernando de Noronha dá exemplo para o Brasil e para o mundo. Nós vamos descarbonizar a ilha. O Brasil dá exemplo dentro da COP 30, representado pelo presidente Lula, que vai falar da mudança da matriz energética de Noronha, a primeira ilha da América Latina 100% descarbonizada. São políticas públicas construídas em parceria com o governo do estado. Recentemente, anunciamos R$ 6,1 bilhões para investimentos em distribuição, melhorando a qualidade do serviço de energia em todo o estado de Pernambuco e impulsionando a economia, gerando emprego e inclusão social. A nossa grande riqueza nacional é exatamente a nossa pluralidade energética. Esse equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental tem gerado frutos sociais fundamentais para o país”, pontuou o ministro.

Já o CEO da Neoenergia, Eduardo Capelastegui, reforçou o caráter inovador da iniciativa e os impactos econômicos e sociais esperados para a comunidade local. “O novo sistema vai ser mais barato que o atual. Isso não quer dizer que os moradores terão a tarifa reduzida, mas que o custo total, hoje absorvido por todo o setor elétrico brasileiro, será reduzido. Além disso, várias melhorias vão contribuir para que a ilha seja cada vez mais um lugar melhor para se viver”, destacou o executivo.

A professora Edileuza Maria dos Santos, moradora da ilha há mais de 30 anos, também comemorou a chegada do projeto. “Nunca tínhamos visto um projeto como esse. Sonhávamos em ver nossa ilha crescer sem perder a essência da natureza que tanto amamos. Nos orgulhamos em saber que teremos energia limpa e um futuro feliz para nossos filhos, nossos netos e nossa comunidade.”, disse.

O Noronha Verde integra o programa Mais por Noronha, que já reúne ações voltadas à mobilidade elétrica, inovação tecnológica e incentivo à microgeração distribuída. Entre as iniciativas anteriores estão a instalação de sistemas fotovoltaicos em pousadas e órgãos públicos, a substituição de medidores por redes inteligentes e a entrega de veículos elétricos e bicicletas sustentáveis para uso dos moradores.

A expectativa é que o projeto sirva de vitrine para o Brasil durante a COP 30, que será realizada em Belém entre os dias 10 e 21 deste mês, e consolide Pernambuco como um dos estados protagonistas da transição energética no país.

Fonte: DiarioPE

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