Gestão da Educação: um modelo para reflexão

Por Ricardo Banana
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Houve um tempo em que todos desejavam que no futuro conquistássemos o status de um país efetivamente forte, com índices de educação expressivos, os quais seriam a base da grande transformação de nossa sociedade. Éramos o país do futuro e a partir da estruturação do sistema educacional poderíamos fazer frente aos grandes e complexos desafios nacionais. Mas convenhamos, esse sonho passa, necessariamente, pela administração de nossos próprios problemas.

Curiosamente, é comum encontrarmos pessoas que apoiem as inovações e medidas austeras de controle de gastos, mas desde que não as sacrifiquem e não lhes imponham quaisquer tipos de prejuízos a seus direitos e conquistas. Parece ser um traço de nossa cultura que, ironicamente, também depende da tão esperada revolução da educação!

Convivemos com a tradicional falta de docentes nas escolas. Este docente, todos sabemos, é um ser especial, vocacionado, solidário e acima de tudo altruísta. Ensina, proporciona o desenvolvimento e dá o que tem de melhor para a comunidade: as ferramentas para o crescimento individual e coletivo. E onde é comum encontrá-los? Em gabinetes, atividades administrativas e compondo comissões que muitas vezes nada têm a ver com educação! Propor-lhes o retorno à sala de aula soa, por vezes, como ofensa e desprestígio. Uma inquestionável forma de conquistar desafetos!

Para minimizar tais efeitos foram criadas gratificações que premiam e reconhecem o esforço de quem permanece na linha de frente. Um compromisso é estabelecido para empregar os recursos do Fundeb diretamente na atividade educacional. Será que não é chegada a hora de refletirmos sobre isso? Será que os docentes que migram para a administração não deveriam por ela ser custeados? Creio que a necessidade de uma reflexão se impõe no momento: secretarias de educação enxutas, compatíveis com o desejo de escolas aquinhoadas com o adequado efetivo de mestres.

Atualmente convivemos com o desafio de realocar professores portadores de limitações que impedem a prática em sala de aula. Sociedades desenvolvidas convivem com a mesma questão e jamais consideram a hipótese de abrir mão de suas experiências e saberes. Ao contrário, aproveitam cada profissional em atividades essencialmente pedagógicas, como aulas de reforço, preparação para avaliações e recuperação de alunos. Essas sociedades não utilizam sequer o rótulo de “readaptados”, uma vez que estes protagonistas jamais deixaram de lado seus ofícios de educadores. Não temos aí um belo exemplo de gestão da educação para aprender e seguir?

Como mencionei no início, concordar com as ideias parece lógico, desde que não sejamos alcançados por elas. Professores têm recessos diferenciados e condições especiais de expediente, o que é a mais pura expressão da justiça. Mas estender tais benefícios a quem se afasta da docência me parece um equívoco que chega às raias da irresponsabilidade administrativa. O salto que desejamos dar para um correto emprego dos recursos humanos e financeiros, que levará à tão desejada estruturação de nosso sistema de educação pública, passa pelo exemplo e pela austeridade, inexoravelmente.

Para finalizar, enquanto as leis de nosso país não privilegiam a gestão responsável, enquanto nossos esforços por dotar as escolas com os selecionados recursos humanos contratados são confundidos com perdas de conquistas pessoais, enquanto alguns de nossos representantes brincam de especialistas inconsequentes, cabe-nos aliar às orações o permanente estado de reflexão, seguido da adoção de medidas efetivas que se traduzam em passos seguros rumo a um futuro que nossa população merece!

Por Heitor Bezerra Leite

Secretário Municipal de Educação

Petrolina – PE

 

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