Alepe discute plano de reabertura com Governo de Pernambuco e entidades empresariais

Por Ricardo Banana
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Medidas para retomar as atividades econômicas em Pernambuco após a fase mais aguda da pandemia da Covid-19 foram debatidas, nesta quarta (27), pela Comissão de Desenvolvimento Econômico. O colegiado tratou do tema com os secretários da Fazenda e da Casa Civil e com representantes de associações empresariais, que cobraram do Governo do Estado a apresentação de um cronograma para a reabertura. Os gestores do Poder Executivo informaram que protocolos serão indicados em breve, condicionados à evolução dos indicadores de saúde.

“Temos planos praticamente prontos. Acredito que as medidas mais restritivas serão finalizadas no próximo domingo (31) e, após a avaliação dos resultados, poderemos ter novidades e avanços em relação aos protocolos de abertura”, disse o secretário da Casa Civil, José Neto. “Tudo isso terá que ser feito dentro de critérios científicos de segurança sanitária, pois sabemos que o mais importante é preservar vidas.”

“A reabertura gradual que estamos discutindo tem mais preocupação com etapas do que com a definição de datas. Determinar um dia específico pode levar ao erro e à precipitação”, complementou o secretário da Fazenda, Décio Padilha. “O Governo tem muita sensibilidade em relação ao futuro da economia, pois sabe que, sem recursos financeiros, não poderá cumprir seu papel. Mas qualquer movimento tem que ser feito com responsabilidade. Se a gente dá um passo imprudente, depois pode ter que voltar cinco”, ressaltou.

Essas respostas foram dadas em reação às demandas apresentadas pelo Movimento Pró-Pernambuco (MPP), iniciativa que congrega cerca de 20 entidades de representação empresarial no Estado. Para Paulo Carneiro, presidente da Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce) e principal porta-voz do MPP, “é imperiosa a volta das empresas às suas atividades, garantindo a saúde das pessoas e preservando as bases da estrutura econômica e social do Estado”.

Segundo Carneiro, o Poder Público deve começar a planejar imediatamente a reabertura das atividades, formulando um calendário com marcos determinados, para que as empresas possam se programar. “Precisamos de horizontes, de perspectivas. Estados em situação semelhante à nossa já autorizaram o funcionamento de atividades econômicas ou estabeleceram planejamento e datas para o retorno”, considerou.

O MPP reúne entidades como a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE), Federação das Indústrias do Estado (Fiepe), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PE) e Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PE), entre outras.  “Não somos um movimento político. Queremos nos aliar ao Governo do Estado para garantir uma reabertura responsável e que preserve a saúde das pessoas”, explicou Carneiro.

De acordo com ele, propostas para a retomada das atividades estão sendo apresentadas por cada segmento econômico ao Executivo estadual.  O presidente da Apesce observou que a pressa do setor decorre, também, do fato de que os benefícios fiscais e trabalhistas concedidos pelo Governo Federal para combater a crise devem ser, em breve, encerrados ou reduzidos. “Muitas empresas estão na UTI e, talvez, não suportem por muito tempo esta situação”, alertou.

Outra reivindicação do grupo foi a de que existam regras diferenciadas entre as regiões do Estado. “Pernambuco tem um território extenso, com várias realidades de adensamento. Não faz sentido a construção civil estar fechada em cidades menores do Interior, onde o deslocamento geralmente é feito de forma individual, sem aglomeração”, assinalou Luverson Ferreira, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic).

Novo normal – Na avaliação de Avelar Loureiro, representante do Sindicato da Indústria da Construção Civil em Pernambuco (Sinduscon-PE), os planos de reabertura devem seguir critérios com o máximo de simplicidade possível. “Quanto menos complexo o protocolo, mais aderência haverá, gerando menos estresse político e social”, considerou.

Para Loureiro, estratégias como as apresentadas hoje pelo Estado de São Paulo são um exemplo de “complexidade de regras que irão gerar dificuldades”. “Já o protocolo do Rio de Janeiro é mais parecido com o que queremos”, comparou. Na opinião dele, não deveriam existir restrições de horário para o comércio. “Se diminuirmos o horário, vamos acabar tendo mais aglomeração naquele período limitado”, prevê. Além disso, ele cobrou o aumento no número de exames para a Covid-19: “Sem a testagem, não temos como tirar nossas amarras”.

O secretário Décio Padilha esclareceu que a reabertura pensada pelo Governo deverá acontecer dentro do chamado “novo normal”, ou seja, não poderá permitir as grandes aglomerações que ocorriam antes da pandemia. “Cinemas, shows, eventos e atividades públicas e privadas não vão poder acontecer como antes”, salientou.

Loureiro também apresentou caminhos para o Estado se adaptar à realidade imposta pela pandemia. Entre eles, a necessidade de coordenação entre as gestões municipais da Região Metropolitana do Recife, inclusive com a requalificação e o redimensionamento do sistema de transporte. “Boa parte dos problemas que enfrentamos agora surgiu por falta de planejamento metropolitano. É uma situação que não podemos mais deixar para depois”, acredita o empresário.

Para o presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, deputado Delegado Erick Lessa (PP), Governo, setor produtivo e Assembleia demonstram “união de esforços na mesma direção para encontrar as saídas necessárias para esta crise”. Avelar Loureiro avalia que, “enquanto a liberação das atividades, no horizonte mais imediato, cabe ao Executivo, a recuperação econômica, num prazo mais longo, deverá ter uma participação importante do Legislativo”.

Também fazem parte do MPP o Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Laboratórios de Pernambuco (Sindhospe), o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Urbana-PE) e a seccional pernambucana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE).

Fonte: Alepe

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