Diagnosticar doenças ainda na fase inicial pode ajudar a salvar uma pessoa. Partido dessa premissa, pesquisadores da Universidade da Califórnia criaram um aplicativo que, por meio de uma fotografia dos olhos, identifica o Alzheimer e o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
“Esperamos que isso abra as portas para novas explorações no uso de celulares para detectar e monitorar possíveis problemas de saúde com antecedência”, disse Colin Barry, um dos pesquisadores, em nota datada de abril.
O teste de resposta da pupila pode oferecer uma maneira simples e fácil de diagnosticar e monitorar diversas doenças e distúrbios neurológicos. Contudo, o teste requer equipamentos especializados e caros, tornando-o inviável se for feito fora de um laboratório ou clínica.
O estudo propõe um aplicativo de avaliação que pode ser usado em testes comunitários, em larga escala. São testes minimamente invasivos e baratos que podem auxiliar a detectar doenças neurológicas. “Isso pode gerar um enorme impacto na saúde pública”, disse Barry.
A pesquisa utiliza uma câmera com sensor infravermelho, que está presente em modelos de celulares mais modernos, junto a outra câmera de celular frontal, comum, para analisar a pupila dos pacientes.
A análise pode ajudar a entender a condição cognitiva do paciente: a capacidade de adquirir conhecimento e desenvolver emoções, tendo como base o raciocínio, a linguagem e a memória.
Segundo os pesquisadores, o tamanho da pupila sofre alterações quando cada pessoa realiza uma atividade cotidiana diferente. Algumas alterações podem ser observadas em pacientes com TDAH e Alzheimer.
Outro ponto importante da pesquisa é facilitar o uso do aplicativo para pessoas mais velhas, já que boa parte desse público possui algumas das doenças neurológicas. Para isso, os pesquisadores projetaram uma interface simples no aplicativo.
A interface inclui comando de voz, instruções fundamentadas em imagens e uma luneta plástica para direcionar o usuário a colocar o olho na mira da câmera.
“O teste precisa ser útil para qualquer pessoa, isso inclui indivíduos mais velhos que podem não estar acostumados com smartphones”, disse Colin Barry, um dos pesquisadores.
Os pesquisadores continuam trabalhando no projeto, para que a função esteja disponível em qualquer celular. A equipe trabalha atualmente com pessoas idosas com comprometimento cognitivo leve, para testar o aplicativo como uma ferramenta de triagem e detectar o Alzheimer em fase inicial.
A pesquisa foi apresentada em 30 de abril deste ano na Computer Human Interaction Conference on Human Factors in Computing Systems — série de conferências acadêmicas. Revista Oeste