Economia

Apostar na caderneta de poupança ou não, eis a questão

Desde 2007, a funcionária pública Raquel Cavalcanti poupa parte do seu salário. Com as reservas, ela conseguiu dar entrada em um imóvel. Foto: Arthur de Souza/Esp.DP/D.A PressDesde 2007, a funcionária pública Raquel Cavalcanti tem adotado uma disciplina rígida com suas finanças pessoais: reserva um quarto de seu salário para poupar. E o destino sempre foi um só, a boa e velha poupança. Instituída no Brasil na época de Dom Pedro II, em 1861, a aplicação tem sido de longe a operação número um de Raquel e de outros milhões de poupadores ao longo de seus mais de 150 anos de história. Tanto que, nesta quarta-feira (31), é comemorado no Brasil e no mundo o Dia da Poupança. Mas com as mudanças aplicadas nas regras de remuneração dos valores investidos na caderneta (veja na tabela), será que a gente ainda tem algo a comemorar?

Em maio deste ano, o governo definiu que sempre que a taxa básica de juros, a Selic, for igual ou inferior a 8,5% ao ano, os novos depósitos renderão a Taxa Referencial (TR) mais 70% da Selic. Os depósitos anteriores a 3 de maio continuam a ser remunerados pela regra antiga (0,5% ao mês mais TR). Atualmente, a Selic está em 7,25% ao ano.

Com rendimento mínimo em torno de 6% ao ano, aplicar na poupança continua sendo uma forma de assegurar que você não vai perder dinheiro, já que o custo de vida costuma aumentar menos de 6% de um ano para o outro. O IPCA, índice oficial do governo que mede a inflação, está em 5,56% anuais hoje.

Além disso, a simplicidade da poupança agrada aos mais conservadores. Como é isenta do pagamento de impostos, as retiradas também podem ser feitas na hora em que o dono da caderneta bem entender. Mas como o nome já sugere, a aplicação é ideal para poupadores, não para investidores. Mas, me diz uma coisa, dá para investir sem poupar?

A resposta é não. A poupança é um ponto de partida para se dar posteriormente passos maiores. Com o montante que guardou no banco, Raquel Cavalcanti ingressou em um tipo de investimento com probabilidade de retorno maior: deu entrada em um apartamento. A funcionária pública pretende usar o dinheiro do aluguel para pagar as parcelas do imóvel. Depois de quitadas as prestações, ela vai poder contar com as mensalidades do aluguel, ou ainda vender o imóvel e embolsar uma boa quantia de uma vez só.

E as opções de se investir parte do dinheiro guardado na poupança vão bem além de imóveis. O economista Marcelo Barros, coautor do blog Educação de Bolso, ressalta que a partir dos R$ 10 mil já é válido começar a buscar novas formas de investir. “Fundos de investimento, por exemplo, costumam apresentar rentabilidade maior que a poupança. No entanto, é preciso ficar atento à taxa de administração cobrada pelo banco.” Além disso, comprar títulos da dívida pública (tesouro direto) e da dívida dos bancos (CDB) podem ser opções mais rentáveis também.

Educação financeira
Só que nem todo mundo tem intenção de guardar dinheiro na poupança. Alguns têm até vontade, mas falta organização. A tentação do consumo é forte. Para Reinaldo Domingos, consultor da DSOP Educação Financeira, o primeiro passo para se tornar um poupador é criar o hábito de reservar parte do dinheiro para a poupança. “Não importa se for um valor pequeno. Começar com R$ 50 já está ótimo”, aconselha. (Arquivo/D.A Press)
Ele diz também que é importante parar de criar desculpas para não poupar. “É comum que digam para jovens que não precisa poupar enquanto se está na faculdade, mas isso é errado. Será que ele não sai nos fins de semana? Não vai para a balada para o cinema? Uma porcentagem desse dinheiro pode começar a ir para a poupança.”

Outra desculpa comum, segundo Domingos, é achar que é preciso quitar todas as dívidas antes de começar a salvar dinheiro. “Dá para reservar uma parte do salário para o pagamento das dívidas, e outra para poupança”, diz. (Tais Nascimento/DP/D.A Press)

FONTE: Diário de PE

Blog do Banana

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