Artigo: Diálogo para a construção da paz

Por Ricardo Banana
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O diálogo entre as religiões deve ser entendido como um imperativo e um desejo de se construir uma cultura de paz entre os homens e mulheres de boa vontade. A partir do diálogo abrimos nossos mundos para conhecer outros mundos – tão belos quanto os nossos. O diálogo nos ajuda a espantar o medo e permite que reconheçamos uns aos outros como membros de uma mesma comunidade. 

Somos plurais. E é exatamente na pluralidade que se reforçam os traços de identidade de cada religião. Na diversidade tecemos a teia da solidariedade que nos une numa grande fraternidade. 

Reconhecer o pluralismo religioso não constitui uma patologia ou decadência de sua própria religião, mas um dado positivo da realidade. Pode-se dizer que cada expressão religiosa revela algo do mistério de Deus e nenhuma pode pretender possuir qualquer monopólio. 

A diversidade de religiões apresenta-se como fatos e valores a serem apreciados e debatidos de maneira saudável, pois são manifestações do humano e da experiência religiosa de cada um.

Mas qual o valor que damos a essa diversidade? Penso que as religiões são formas diferentes de expressar o mistério e, por isso, devemos aprender uns com os outros, nos enriquecermos com as trocas, os diálogos e as buscas de convergências, em vista do serviço espiritual dos povos, alimentando neles a chama sagrada da presença de Deus que está na história e no coração. 

Diálogo para o equilíbrio 

É chegado o tempo do diálogo. No entanto, não se dialoga sem a clareza da própria identidade. Não se dialoga sem abertura ao diferente, o que exige discernimento. A mentalidade fundamentalista e presa a ortodoxias não permite o estabelecimento de nenhum diálogo. O verdadeiro diálogo é feito quando as pessoas começam a conviver comparando suas religiões e influenciando-se mutuamente de forma inevitável. Por isso, todo diálogo é risco porque questiona, desequilibra todas as partes e as obriga a reformular seu modo de viver e de pensar. Nesse sentido, todas as religiões são provocadas, no diálogo, a se transformar permanentemente a fim de prestar um melhor serviço à humanidade.

Tornamo-nos plenamente humanos quando respeitamos aqueles que são diferentes e, mesmo na diferença, nos assentamos para viver fraternal e solidariamente na construção de uma sociedade que nos acolhe e que nos solicita que sejamos operários desse mundo ainda em construção.  

Entendo que as religiões não são um obstáculo para a construção de uma sociedade justa, humana e inclusiva. Ao contrário, a partir delas deveríamos ver o nosso próximo com outro olhar. 

Contudo, não mais um olhar que observa de longe. Não mais um olhar que se desvia com medo do encontro. Não mais um olhar que congela o calor do corpo. Mas um olhar que transmite o brilho de um novo tempo que se aproxima para todos nós. Uma maneira de ver a nossa sociedade e todos nós como participantes de um mesmo corpo, à procura dos mesmos ideais.

Juntos, temos condições de sonhar com um mundo inclusivo e onde caibam todos. Separados, criamos ilhas que nos impedem de agir eficazmente na construção de uma outra realidade. Onde nossas mãos antecipem ações e atitudes que embelezem nosso cotidiano. Onde a espiritualidade resulte em solidariedade e a ética entre os seres humanos e a proteção do meio ambiente.  

As confissões precisam colocar suas expressões de espiritualidade com o objetivo de estimular ações e comportamentos que visem a construção de uma sociedade mais humana. 

Luiz Alexandre Solano Rossi – Luiz Alexandre Solano Rossi – Professor de Teologia do Centro Universitário Internacional Uninter. luizalexandrerossi@yahoo.com.br ou luiz.ro@uninter.com

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