Não é de hoje que Juazeiro e Petrolina sofrem com a fuligem queimada produzida na Agrovale. Há anos, pedaços de cana-de-açúcar queimados amanhacem em quintais, varandas, terraços, áreas de serviço de milhares de residências nessas duas cidades. Apesar dos transtornos, das reclamações dos cidadãos, a imprensa e os políticos guardam um omisso silêncio sobre o caso, mesmo o dito popular ensinando que “quem cala consente”.
Hoje, o Blog recebeu um e-mail de um morador de Petrolina. Em sua mensagem, ele se mostra indignado com a grande indústria produtora de açúcar da região, a Agrovale. O morador petrolinense afirma que todos os dias se depara com vários pedaços de bagaço de cana queimados em cômodos da casa onde mora. Revoltado, o autor do e-mail pediu que, através do Blog, sua indignação fosse divulgada.
Mesmo diante da indignação geral, os deputados, prefeitos, vereadores de Juazeiro e Petrolina parecem não se incomodar com a fuligem. Nunca presenciamos notícias sobre audiências públicas, discussões envolvendo o poder público sobre o caso. A Agrovale, portanto, não irrita os políticos, apenas os eleitores. Assim como não parecer irritar também órgãos de imprensa local. A maioria é patrocinada pela empresa.
É preciso que a mídia e os políticos de Juazeiro e Petrolina cobrem mais da Agrovale. Afinal, a primeira é a voz “independente” do povo. Os segundos são os representantes constituídos para fazer valer a vontade popular. Não é possível que em meio a tanta tecnologia agrícola, duas cidades do porte de Petrolina e Juazeiro ainda precisem viver com o tormento que é a fuligem de cana queimada.
Se esse for o preço do crescimento econômico, chegou o momento de revermos nossos conceitos. Uma oportunidade de rever a questão é a chegada de outubro, mês das votações. Até o momento, nenhum candidato se mostrou interessado em resolver a questão, nem Rosalvo Antônio (PSOL) que se propaga como um legítimo ecossocialista.
Medidas para sanar os transtornos gerados pela fuligem da cana são essenciais. Fechar os olhos diante deles é que não dá mais. Afinal, como diria o dramaturgo Bertold Brecht, “aquilo que acontece todo dia não pode ser considerado normal”.
Blog do Banana