Audiência na Câmara busca indenizar desabrigados da Barragem de Sobradinho/BA

Por Ricardo Banana
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Foi em 1973, em plena Ditadura Militar, quando cerca de 70 mil baianos moradores dos oito municípios inundados pelo reservatório da barragem de Sobradinho, Norte da Bahia, foram “expulsos” de suas casas e propriedades rurais. Nesta terça-feira, 11 de dezembro de 2018, 46 anos depois, representantes das famílias dos desalojados participaram de audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados na luta por alguma indenização.

“Essa é a segunda audiência que realizamos sobre os atingidos pela barragem de Sobradinho. A primeira fizemos no governo Dilma, e montamos um produtivo grupo de trabalho com a Chesf para encaminhar uma solução, mesmo que fosse à longo prazo. Infelizmente, veio o golpe e tudo foi abandonado. Agora, realizamos nova audiência, e a Chesf e o Ministério de Minas e Energia sequer mandaram representantes”, lamentou o deputado federal Jorge Solla (PT-BA), autor do requerimento da realização da audiência.

Logo após a reunião, Solla foi ao presidente Rodrigo Maia (DEM) no Plenário da Câmara, cobrar a participação de representantes do Executivo na audiência. “Se esse governo e o próximo não tem compromisso com essas pessoas, precisa vir e dizer, mas não pode virar as costas pra Câmara de Deputados. Isso é um desrespeito também com essa casa”, destacou Solla.

Na audiência, o presidente da Associação dos Ribeirinhos e Pescadores do Lago de Sobradinho, Genivaldo da Silva, recordou que boa parte das famílias abandonaram seus imóveis devido ao compromisso firmado por funcionários da Chesf de que haveria uma indenização a ser paga. No entanto, viveram em condição de miséria sem nenhuma assistência da estatal. “O que tínhamos era lona preta pra se proteger de cobras e escorpiões, que os engenheiros davam para nós. Não tinha sequer cesta básica, ficamos ao léu”, disse.

A pesquisadora do IPEA, Marta Rodrigues, revelou dados de pesquisa realizada com as 11.853 famílias remanescentes.

“A maioria não tem água tratada, energia elétrica e mora em casa de taipa, mesmo estando muitas vezes a 10, 15, 20 km do lago. Vivem em situação de isolamento, algumas áreas não conseguimos chegar mesmo com carros ‘traçados’”, disse.

Ela destaca que o trabalho foi iniciado após determinação do então presidente Lula, em 2009, que reconheceu a dívida histórica do Estado Brasileiro com os atingidos por barragens e determinou a reparação social desta dívida. Com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2013, esses esforços foram paralisados. (Ascom)

 

 

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