A dona de casa Simone Martins, 29 anos, a cada duas horas caminha para a sala de doação de leite, no terceiro andar do Hospital Barão de Lucena (HBL), bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife. Com apenas seis meses, a filha Eloísa nasceu com um quilo e 300 gramas. Há 20 dias, as duas lutam por uma única causa: sobrevivência. Sem conseguir mamar, Eloísa recebe o pouco de leite que Simone consegue tirar. Isso porque, a HBL conta, hoje, com apenas três doadoras de leite materno. Nos três hospitais que a reportagem da Folha de Pernambuco contatou, há carência de doação de leite, que é suprida, quase que exclusivamente, pela sobra de leite das mães que doam para os próprios filhos recém-nascidos nos hospitais.
Na Semana Mundial do Aleitamento Materno, que teve início ontem e segue até a próxima terça-feira, o intuito de reforçar a importância do leite materno se tornou um ato indispensável de campanha para a doação de leite materno. Fora o Barão de Lucena, nos outros dois hospitais visitados, o Agamenon Magalhães (HAM), localizado em Casa Amarela e o Imip, no bairro dos Coelhos, na Boa Vista, o estoque é insuficiente para abastecer as crianças das Unidades de Terapia Intensiva (UTI), na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) e alojamento Canguru, cujo os bebês passam o dia junto das mães, envoltos por uma faixa.
“São seis litros de leite por dia. Geralmente, os bebês que precisam nasceram prematuros e as mães, por falta de desenvolvimento, acabaram sem leite suficiente”, disse Dulcinete Pinheiro, coordenadora do Aleitamento Materno do HAM. Hoje, segundo ela, o hospital tem um banco de 30 litros de leite, que é pouco para os 35 bebês assistidos, sobretudo quando não há doadoras de leite materno no HAM, situação vivida hoje.
Essa é a situação da auxiliar de departamento pessoal, Fernanda Maria da Silva, 26. A filha Ana Letícia nasceu há quase um mês no HAM, com apenas dois quilos, devido aos problemas de pressão alta de Fernanda. “Sempre estimulei para que não faltasse leite. A cada três horas estava tirando leite para ela.” Prestes a receber alta, agora, ela pretende ajudar outras mães. “É importante ajudar as mães que passaram pela situação de faltar leite”, revelou Fernanda.
Para a doação de leite materno, as mães nem ao menos precisam sair de casa para doar. Com frasco limpo de café solúvel ou maionese, que tenha tampa, as doadoras podem realizar o procedimento em casa e ligar para um dos Bancos de Leite para o recolhimento. O leite pode a ser refrigerado por até 15 dias. Ano passado, cerca de oito mil mulheres fizeram a doação de leite, totalizando 6,5 mil litros do alimento. Isso beneficiou 13,1 mil meninos e meninas, segundo os dados da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (BLH).
SERVIÇO:
Para onde doar:
Hospital Agamenon Magalhães
3184.1630
Hospital Barão de Lucena
3184.6552
Hospital Jesus Nazareno (Caruaru)
3719.9338
Hospital Dom Malan (Petrolina)
3202.7067
Cisam
3182.7720
Hospital das Clínicas
3126.3831
Hospital D’ Ávila
3117.5548
Imip
2122.4719
Maternidade Bandeira Filho
Fonte: Folha-PE
Blog do Banana