Aproximadamente 1 em cada 10 novos casos de diabetes tipo 2 e 1 em cada 30 novos casos de doenças cardiovasculares em todo o mundo em 2020 podem ser atribuídos ao consumo de bebidas adoçadas, como refrigerantes e sucos industrializados, de acordo com estudo publicado nesta segunda-feira (6) na revista Nature.
Em 2020, 2,2 milhões de novos casos de diabetes tipo 2 e 1,2 milhão de novos casos de doenças cardiovasculares foram relacionados ao consumo dessas bebidas em nível global, representando 9,8% e 3,1% de todos os casos, respectivamente.
Foram estimadas 80.278 mortes devido a diabetes tipo 2 associadas às bebidas adoçadas no ano analisado pelos pesquisadores. O valor representa 5,1% do total de óbitos. Além disso, 257.962 mortes por doenças cardiovasculares foram atribuídas à ingestão desses produtos (2,1% do total).
Os achados são baseados em estimativas modeladas em 184 países do Global Dietary Database, que incorpora dados de consumo de bebidas adoçadas com base em pesquisas sobre hábitos alimentares individuais, junto a informações sobre obesidade e taxas de diabetes.
Um dos autores do estudo e diretor do instituto Food Is Medicine, dos Estados Unidos, Dariush Mozaffarian afirma que, apesar do número alto de mortes associado ao consumo dessas bebidas, os governos não aplicam esforços suficientes em políticas públicas voltadas para essa questão.
“Nossos resultados mostram que, atualmente, as bebidas adoçadas com açúcar estão causando mais de 330 mil mortes globais a cada ano, além de milhões de novos casos de diabetes e doenças cardiovasculares. Mesmo assim, relativamente poucas ações estão sendo tomadas”, diz.
Apesar de não incluir dados específicos sobre o Brasil, a pesquisa destaca que a América Latina e o Caribe têm uma alta incidência de doenças cardiometabólicas associadas ao consumo de bebidas adoçadas, o que sugere que um cenário preocupante entre os brasileiros.
Em 2020, a América Latina e o Caribe tiveram o maior número de casos de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares atribuíveis ao consumo de bebidas adoçadas, com 24,4% e 11,3% dos diagnósticos totais, respectivamente, aponta o estudo.
Nessas regiões, a pesquisa também identificou que adultos com níveis educacionais médio e alto, tanto em áreas urbanas como rurais, apresentaram as maiores proporções de casos atribuíveis ao consumo dessas bebidas. No ano analisado, o consumo médio foi de 248 g por semana.
No Brasil, o Congresso Nacional enviou para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em dezembro, o principal projeto de regulamentação da reforma tributária (PLP 68/2024), que coloca as bebidas adoçadas dentro do Imposto Seletivo, o chamado “imposto do pecado”, que incide em bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.