“Bolsonaro dá golpe todo dia”, diz Lilia Schwarcz

Por Ricardo Banana
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“Passou ‘no escondidinho’ a demissão da bibliotecária Neide de Sordi” da direção do Arquivo Nacional, declarou a antropóloga, que criticou o novo diretor nomeado por Bolsonaro: “não tem ideia do que é um acervo como esse”

A antropóloga, historiadora, professora da USP Lilia Schwarcz publicou em seu Instagram neste sábado (27) uma dura crítica contra Jair Bolsonaro por ter tirado da direção do Arquivo Nacional a bibliotecária Neide de Sordi e colocado no lugar um ex-chefe de segurança do Banco do Brasil e ex-subsecretário de Segurança do Distrito Federal: Ricardo Borda D’Água de Almeida Braga.

Segundo Lilia, “faz parte da cartilha dos governos autoritários e despóticos manipular a história a seu favor. Aliás, narrativas históricas viram instrumentos de batalha nas mãos dos autocratas”.

“Como o governo Bolsonaro dá golpe todo dia, passou ‘no escondidinho’ a demissão da bibliotecária Neide de Sordi. Bolsonaro nos prometeu um governo de técnicos mas nos entregou um bando de papagaios que só sabem imitá-lo e bajulá-lo”, continuou.

Ela explicou que o acervo do Arquivo Nacional tem “1,7 milhão de fotos, 55 km de documentos coletados desde 1838. O Arquivo Nacional é o sonho de qualquer pesquisadora como eu. Por lá, completei minha investigação sobre Pedro II, sobre a vinda da Biblioteca dos reis ao Brasil, sobre a vida de Lima Barreto. Trata-se de um tesouro”.

“O novo diretor não tem ideia do que é um acervo como esses. Sua profissão é outra. Não a memória, mas a destruição. Até o ano passado era dono de uma empresa de ‘treinamento e segurança’ no Rio de Janeiro. Integrou também o governo Ibaneis Rocha, no Distrito Federal, onde também trabalhou o delegado da PF Anderson Torres, atual ministro da Justiça, a quem o Arquivo Nacional está subordinado. Com a nomeação para o cargo de Diretor-Geral do Arquivo Nacional, Braga acumula também o cargo de Presidente do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ), órgão central do Sistema Nacional de Arquivos (SINAR), responsável pela política nacional de arquivos. Que vergonha! Levamos golpe todo dia. O suposto é que assim não dói. Mas dói demais”, concluiu a pesquisadora.

(Brasil 247)

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