Ricardo Banana

Brasil: Uma inversão de valores

imagemFico a pensar… Por que se exige muito para a pessoa trabalhar numa instituição pública e, se exige muito pouco para alguém concorrer a um mandato político? Para aspirar a um sonho e lograr êxito em um grande concurso, é preciso estudar bravamente e incansavelmente diversas disciplinas. Dedicar horas, fazer investimentos em materiais de qualidade, abrir mão de algumas preferências, enfrentar a difícil concorrência, disputar com candidatos que frequentam cursinhos ou que tenha uma área de formação superior. Às vezes, é uma diferença tão desproporcional que metaforicamente é um leão engolindo uma presa indefesa. O mercado dos concursos é muito competitivo e celetista, porém, compensador. A disputa está ficando tão profissional que já existem sites especializados em como orientar o candidato no seu plano de estudo. Além disso, ainda existem aqueles que tentam burlar os certames, e utiliza de manobras fraudulentas para conseguir aprovação. Já pensou se um dia o código eleitoral cobrasse requisitos semelhantes aos concursos para ser um político no sentido de cobrar, pelo menos noção de lei orgânica do município, constituição do Estado e a constituição federal para ser investido em tais funções? É muito deselegante alguém que comanda as decisões do país ter um nível de escolaridade inferior aos comandados, quer seja no plano municipal, estadual ou federal. Para lecionar numa universidade, exige do docente que ele tenha no mínimo mestrado, e para um cargo eletivo não se exige tanto assim, somente que o mesmo tenha influência e popularidade. Agora faça o comparativo das vantagens de ambos, em termos salariais, quem está sendo injustiçado? Causa-me uma profunda melancolia e aguça meu senso de justiça, porque os políticos gozam de altos privilégios, e outras funções imprescindíveis não recebem nem aquilo de que são dignos. É muito difícil reformular ou fazer radicais mudanças no processo político do país. Entretanto, que também procurassem pelo menos compensar de alguma maneira algumas classes representativas, especificamente, o professor e o policial, criando quem sabe, um incentivo específico nos seus salários. Nunca existiu um excelente médico sem que tenha passado pelas mãos de um educador, assim como o advogado, o administrador, engenheiro, promotor, jurista, economista ou qualquer formação acadêmica. Todos nós precisamos de segurança, é ai que entra o papel das nossas polícias. Só sabemos a importância que a mesma tem, quando paralisam suas atividades. Há um clima de insegurança e medo entre as pessoas, o comerciante fecha as portas do seu comércio mais cedo, temendo saques e atos de vandalismo, à população fica desprotegida, a cidade fica entregue e vulnerável ao crime. Você diz que estou sendo extremista e antidemocrático, mas defender uma política retrógrada de pagar muito mal os professores e policiais nos mais diversos níveis, não é ser preconceituoso e desumano? Esse não é o Brasil que sonhei para mim, esse não é o Brasil que sonhei para meus filhos, esse não é o Brasil que os brasileiros sonharam com tantos infortúnios e inversões de valores. Gostaria muito que os homens que comandam as decisões políticas da nossa nação, tivessem um sentimento mais solidário, e que suas atitudes se aproximassem mais dos anseios de nosso povo. Quando um dia tratarem os educadores e as forças de segurança de nosso país como se tratam os políticos no sentido de melhorarem seus vencimentos e seus direitos concernentes à valorização da categoria, ai sim, o Brasil dará um salto de qualidade, e seremos uma nação mais livre e democrática, onde as desigualdades sociais serão mais equilibradas e uma divisão de renda mais justa. Além disso, uma nação mais educada, politizada e humana.

Antonio Damião Oliveira da Silva (damis.oliver@hotmail.com)

Guarda Municipal Petrolina

Graduado em Matemática

 

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