Momento de alegria e sensação de dever cumprido para a campeã mundial de futsal feminino com a Seleção Brasileira, Lidu Alves, 26 anos e 11 como jogadora profissional. A atleta é petrolinense, tem orgulho da terra natal e demonstrou gratidão ao conquistar nesta terça, 26, o reconhecimento por essa e tantas vitórias no esporte e na vida, por meio de uma moção de aplausos da Câmara de Vereadores de Petrolina-PE.
Os vereadores Osinaldo Souza e Ruy Wanderley, foram os autores da homenagem que deixou a atleta feliz e emocionada pelo reconhecimento. “Não imaginava estar aqui na Câmara, receber essa homenagem. É um sonho realizado. Fico feliz com essa e outras conquistas, sempre levando o nome da minha cidade”, ressaltou a atleta.
A carreira começou ainda aos 15 anos e levar o nome de Petrolina para fora do Brasil, onde ela passou a temporada passada quando atuou na Itália, para Lidu é uma de suas maiores alegrias. “Fui para o Ceará, depois para o Paraná onde fiquei conhecida nacionalmente, surgindo aí o caminho para jogar fora do Brasil. Para mim, levar o nome de Petrolina para Europa, é uma sensação que poucos conseguem sentir e eu consegui isso”, disse.
Apesar de estar campeã mundial, Lidu revelou que o apoio à Seleção Feminina de Futsal, assim como ao esporte no Brasil, de uma forma geral, não estar praticamente existindo atualmente no País.
“As verbas são cortadas para o esporte e nada se faz. Mesmo com títulos internacionais, nada mudou e isso é uma coisa que a gente tenta trabalhar. Para o masculino a situação é melhor, mas mostramos que mesmo com muita dificuldade, com falta de apoio, conseguimos sobreviver do esporte. Eu consegui chegar tão longe assim, sem muito apoio”, frisou a campeã e petrolinense.
Lidu relatou sua vida difícil para chegar onde chegou e não se distanciar do esporte. Ficou órfã de mãe aos 4 anos e foi criada pelo pai, morou até em casa de estranhos só para ficar perto do esporte. Ela conta que foi a disciplina do esporte que a salvou, que lhe deu oportunidade e conquistas na vida. “Tudo que sou e que tenho, devo ao esporte”, enfatiza.
Sempre residindo na periferia de Petrolina, Lidu passou por bairros como João de Deus, Gercino Coelho e Mandacaru quando no local ainda existia o antigo lixão da cidade, mas nunca desistiu do sonho de ser atleta profissional e chegar à Seleção Brasileira e a uma conquista mundial.
“Poder vestir a camisa amarelinha, lembrar de quando tudo começou, de quando você jogava descalça e ser campeã como fui na Espanha, porque o mundial foi lá, é uma sensação indescritível”, registrou Lidu Alves.
Um dos autores da homenagem da Casa Plinio Amorim, o vereador Osinaldo Souza disse que a homenagem dada pelo legislativo é mais do que justa.
“Tenho pautado meus mandatos em apoio ao esporte e sabendo da presença de Lidu Alves em Petrolina não poderia me furtar em fazer essa homenagem. Irei também apresentar projeto para que possamos conceder a ela a medalha de honra ao mérito Dom Malan, por levar o nome de Petrolina na Itália, diversos países e pela conquista do campeonato mundial”, assinalou.
O outro autor, vereador Ruy Wanderley, complementou. “Temos que trabalhar pelo reconhecimento de pessoas como nossa campeã Lidu Alves. É uma homenagem justa e merecida”, argumentou Ruy.
PROJETO SOCIAL
A atleta já vem estudando implantar em Petrolina um projeto social para descobrir novos talentos no esporte que pratica.
“Estamos estudando e vou fazer por eles o que não tive quando criança. Quanto era mais nova, tinham muitos talentos, mas que ficaram perdidos por falta de apoio, não tinham oportunidade. Existia sempre barreiras, eu mesma bati contra a realidade e sozinha, com muito esforço, consegui sair de Petrolina. Fui fazer o teste em Fortaleza com 18 anos, nem dinheiro para comer tinha, mas isso foi o que me deu combustível para chegar tão longe”, descreveu a campeã.
Tendo jogado a temporada passada no principal campeonato da modalidade no mundo que é o da Itália, Lidu agora dá uma parada para tratar uma lesão. Já iniciou a recuperação em Petrolina, depois volta para o Paraná daqui há sete meses, para finalizar e voltar às quadras, mas levando Petrolina na bagagem.
“Minha equipe na Itália me abraçou e permitiu que realizasse o sonho de integrar a seleção e conquistar o mundial, mas mesmo com esse tempo de recuperação, espero voltar logo, pegar numa bola e continuar essa trajetória, levando sempre o nome da minha terra pelo mundo”, concluiu Lidu Alves.