Centro de Referência às Pessoas com Doença Falcilforme recebe comitiva de Angola

Por Ricardo Banana
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Uma comitiva do Ministério da Saúde de Angola esteve, nesta terça-feira (18), no Centro Estadual de Referência às Pessoas com Doença Falciforme – Rilza Valentim, gerido pela Fundação Hemoba. Esta foi a última etapa da visita técnica da comitiva de médicos e especialistas angolana em Brasília, Belo Horizonte e Salvador. O objetivo é reiniciar a cooperação bilateral com o Brasil, principalmente, nas áreas de captação de doadores de sangue e no tratamento da doença falciforme (DF). “O Brasil é uma peça fundamental, por ser referência na atenção às pessoas com a doença falciforme. Angola veio aqui para colher in loco todo o processo, como é a política, o atendimento, a triagem neonatal, a área de educação e comunicação. E não poderíamos deixar vir a Salvador, na Bahia, pois foi a cidade que primeiro recebeu a população de Angola no Brasil, tem uma população similar à nossa”, declarou Francisco Domingos, chefe da comitiva e diretor geral do Instituto Hematológico Pediátrico em Angola.
Diferente do que ocorre no Brasil, a maioria da doação de sangue em Angola é 80% familiar e 20% de voluntários não fidelizados. Já a doença falciforme, enfermidade hereditária e genética de origem africana, atinge cerca de 2% dos nascidos vivos no país, segundo estimativa oficial. Até 2020, foram registrados 11.540 casos. A taxa de pessoas com o traço falciforme, mutação genética em que a doença não se manifesta, é de quase 20%. Lá foi iniciado um projeto piloto para implementar o teste do pezinho que identifica a doença falciforme. Segundo Tiago Novais, assessor técnico da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH) do Ministério da Saúde, a importância da Bahia no cenário mundial da doença falciforme é porque o estado tem a segunda maior prevalência de pessoas negras, perdendo apenas para a Nigéria, e o Brasil tem a maior incidência do diagnóstico para a doença e do traço falciforme. “Pra gente foi muito importante visitar tanto a Fiocruz como o Centro de Estadual. Que a cooperação com Angola possa levar para lá as experiências, protocolos, fluxos, qualquer tipo de informação, que possam subsidiar a implantação de sua política nacional tanto da atenção da pessoa com doença falciforme e da triagem neonatal”, avaliou.
Reunião – Em reunião com a delegação angolana, o diretor geral da Hemoba, Luiz Catto, fez uma apresentação da estrutura e funcionamento da Fundação. Ele afirmou que a principal forma de mobilização de doadores de sangue é a captação voluntária e altruísta, através de campanhas de mídia e parcerias com universidades, empresas, militares e entidades religiosas. No ano passado, foram 120 mil bolsas coletadas pela instituição em todo o estado, com a distribuição de 190 mil hemocomponentes. Catto informou que o Centro de Referência oferece assistência multidisciplinar aos pacientes e trabalhará no ensino, pesquisa e capacitação dos profissionais de saúde. Destacou que no Brasil estimam-se o nascimento de 700 a 1.000 casos novos de DF/ano, enquanto na Bahia tem incidência estimada da doença em 1 caso para cada 650 nascimentos, cerca de 30 nascimentos mensais.
Sobre o SUS, o coordenador de Promoção da Equidade em Saúde (DGC/Sesab), Antonio Purificação, afirmou que a sua implantação foi um grande avanço para a assistência da população brasileira, tornando o acesso à saúde descentralizado, universal, integral, igualitário e gratuito. Lembrou que há 23 anos é realizada pelo SUS a triagem do teste do pezinho para detectar a doença falciforme. Purificação apresentou para a comitiva as propostas de cooperação técnica com Angola da Secretaria de Saúde do estado, como a organização do Simpósio Multidisciplinar Aspectos do Cuidado Integral, do Encontro de Pesquisadores e Pesquisadoras da Bahia e Angola e do Encontro entre Famílias e Pessoas com Doença Falciforme, além de apoios técnicos para regionalização do cuidado às pessoas com doença falciforme e qualificação do autocuidado, dos gestores e profissionais de saúde.
Além da diretoria e técnicos da Fundação Hemoba, estiveram presentes no Centro de Referência para receber a delegação angolana, o assessor técnico da Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados (CGSH) do Ministério da Saúde, Tiago Novais; o pesquisador e sanitarista Altair Lira; as assessoras técnicas da Coordenação de Saúde da População Negra da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado da Bahia (SEPROMI), Ubiraci Matildes e Aline Teles, representantes da secretária da pasta, Ângela Guimarães; e a responsável pela Diretoria da Gestão do Cuidado (DGC/Sesab), Liliane Mascarenhas, representante da secretária Roberta Santana.

 

 

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