CIÊNCIA E EDUCAÇÃO – Sertão do São Francisco sedia pela primeira vez Conferência Internacional de Ecologia Humana

Por Ricardo Banana
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Petrolina-PE e Juazeiro-BA são a nova capital da Ecologia Humana no mundo. Isso porque as cidades irmãs do Sertão do São Francisco foram a sede da 24ª edição da Conferência de Ecologia Humana da Society for Human Ecology (SHE), realizada de forma virtual entre 17 e 23 de setembro. O evento teve a participação de representantes de 18 países e foi organizado pela Sociedade Brasileira de Ecologia Humana (SABEH), em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana (PPGECOH) da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e a Sociedade Latinoamericana de Ecologia Humana (SOLAEH).

O tema principal discutido na Conferência foi “Dinâmicas Sociais e Desafios Globais: O Papel da Ecologia Humana em um Mundo em Constante Transformação”. O presidente da SABEH e coordenador geral do evento, Gustavo Negreiros, explica a importância de falar sobre o assunto atualmente. “A gente faz uma análise sistêmica da complexidade daquilo que nos faz humanos. Tentamos entender as dinâmicas das relações com o nosso meio físico, social, econômico, espiritual. E entender a complexidade desses tempos e aprender uma forma de trabalhar com eles tem a ver com a busca por uma vida melhor”, afirma.

A agenda da Conferência foi construída em três encontros internacionais de Ecologia Humana da SHE, realizados nos Estados Unidos, nas Filipinas e em Portugal, onde estiveram presentes diversos pesquisadores brasileiros da área. A ideia inicial era que o evento, sediado pela primeira vez no Sertão do São Francisco, fosse realizado presencialmente em 2020, mas a pandemia de Covid-19 mudou os planos. O encontro foi adiado para este ano, tendo as plataformas virtuais como locais para o debate. “Pude estar em várias conferências internacionais da SHE onde apresentamos a forma como estamos consolidando a Ecologia Humana no Brasil. Fomos nós que implantamos o primeiro doutorado em Ecologia Humana das Américas, o que mostra a importância desse campo de conhecimento para nosso país. Tudo isso nos credenciou a realizar esta histórica conferência”, conta Juracy Marques, presidente da Comissão Científica do evento.

Iva Pires, presidente da SHE e professora da Universidade Nova de Lisboa, avalia de forma positiva a realização do evento. Ela destaca que, embora o modo virtual não permita os mesmos momentos de sociabilidade que ocorrem nos encontros presenciais, a Conferência deste ano trouxe outros benefícios. “Uma das vantagens é o fato de muitas pessoas poderem participar, pessoas que, se o evento fosse presencial, por causa dos custos de transportes e de acomodação, provavelmente nunca teriam participado”, defende.

Para Ricardo Bitencourt, professor do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE) e responsável por coordenar a equipe técnica que gerenciou a plataforma da Conferência, a realização de forma online trouxe mais aprendizados do que dificuldades. “Foi um desafio que nos permitiu colocar em prática o que teorizamos sobre nossas vidas na era das redes sociais. No final, percebemos que se trata de uma poderosa ferramenta de comunicação e difusão do conhecimento. Concluímos e, acredito, foram muito bons os resultados”, conta. Já o presidente da SABEH ressalta a importância do trabalho em equipe para o evento. “Na mesma medida dos desafios, a XXIV Conferência SHE foi realizada num clima de irmandade dessa comunidade global de Ecologia Humana”, afirma Negreiros.

[T] João Pedro Ramalho

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