Fernando Bezerra tenta convencer direção da legenda a desistir de lançar o governador à Presidência em 2014
Chefe da Integração Nacional, indicado ao cargo por Campos, já falou com governadores e congressistas da sigla
DA FOLHA DE S.PAULO – CATIA SEABRA E FÁBIO GUIBU
Indicado por Eduardo Campos para a Esplanada dos Ministérios, o ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional) lidera um motim no PSB contra a candidatura do governador de Pernambuco — e padrinho político — à Presidência da República.
Bezerra é, no partido presidido por Campos, um dos mais fervorosos defensores da reeleição de Dilma Rousseff e tem reunido integrantes do PSB em seu gabinete para articular a derrota da tese da candidatura própria na Executiva do partido.
O ministro já conversou com os governadores da legenda, entre eles Ricardo Coutinho (PB) e Renato Casagrande (ES), além de parlamentares da legenda.
Um dos últimos encontros ocorreu há alguns dias com o senador João Capiberibe, que tem o controle da legenda no Amapá. Segundo relatos de quem ouviu o ministro, ele tem argumentado que o PSB será prejudicado em suas alianças estaduais caso tenha candidatura própria.
Bezerra até fez chegar ao Palácio do Planalto sua disposição de deixar o PSB caso Campos insista na candidatura. Além de negociar com o próprio PT, Bezerra conversa com o PSD, de Gilberto Kassab, e com o PMDB.
Sua rebeldia tem origem no Estado de Pernambuco. Bezerra cobiça a cadeira de Campos, que manifesta preferência por outros nomes.
Ontem Campos convocou a imprensa para anunciar o fim do racionamento de água em Recife e Jaboatão e não quis falar sobre eleições. ‘Hoje só falo de água.’
OFENSIVA
A aproximação com Bezerra é uma ponta da estratégia petista de desmonte do palanque de Campos país afora. Numa operação orquestrada pelo PT, o PMDB trabalha para tirar o controle do partido em Pernambuco das mãos do ex-senador Jarbas Vasconcelos, apoiador de Campos, e entregá-lo ao prefeito de Petrolina, também candidato ao governo.
No Espírito Santo, o presidente do PT, Rui Falcão, já esteve com o governador para negociar sua neutralidade no Estado em troca do apoio petista à sua reeleição.
Quatro dias depois, Casagrande defendeu, publicamente, a manutenção da aliança do PSB com Dilma.
Na quarta passada, Falcão e o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, prestigiaram a solenidade que marcou a migração de 20 filiados do PSB para o PT. Todos ocupantes de cargos comissionados no governo Agnelo Queiroz (PT-DF).
Em Goiás, a saída do empresário José Batista Júnior, um dos donos do grupo JBS-Friboi, do PSB para o PMDB é apontado como mais um lance do cerco do PT e seus aliados a Campos.
Até então filiado ao PSB, o empresário era uma das apostas de Campos para sustentação de seu palanque nacional.
O assédio ao PSB tem provocado até um mal-estar entre Campos e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Tendo recebido o apoio do governador de Pernambuco para a construção de seu partido, Kassab tenta atrair integrantes do PSB para os quadros do PSD: além de Bezerra, conversa com os irmãos Cid e Ciro Gomes.
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