Com 474 novas mortes por coronavírus em 24h, Brasil bate recorde e ultrapassa China

Por Ricardo Banana
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O Brasil bateu um novo recorde de mortes registradas em 24 horas, com 474 óbitos, e ultrapassou a China no número de mortes causadas pelo novo coronavírus. O recorde anterior do Brasil era de 23 de abril, com 407 vítimas. O país é agora o nono país com mais vítimas no mundo.

Segundo o boletim mais recente do Ministério da Saúde, ao todo 5.017 pessoas morreram por Covid-19. A China, por sua vez registra 4.637 mortos, a maioria em Wuhan, na província de Hubei (4.512).

No Brasil, os casos confirmados também estão mais concentrados em uma região, a Sudeste.

Os primeiros casos confirmados do novo coronavírus foram registrados em Wuhan, na China, em dezembro de 2019. Já no início da pandemia o país determinou uma quarentena sem precedentes nas cidades afetadas. O isolamento, ao que tudo indica, levou a diminuição do número de novos casos confirmados por dia e culminou no relaxamento da quarentena no fim de março.

O recorde de mortes por coronavírus em 24 horas registradas na China aconteceu em 17 de fevereiro, após o país asiático adotar uma nova metodologia para confirmação de casos e vítimas.

A velocidade com que o vírus se alastra e causa mortes no Brasil é similar à observada na China. Ambos os países levaram cerca de dois meses para atingir os primeiros mil mortos após o registro do primeiro caso.

Os dados sobre mortes nos dois países desde o surgimento do vírus indicam que o Brasil ultrapassou a China devido à queda no número de novas mortes do país asiático. No intervalo de 18 dias, entre 29 de março e 16 de abril, a China registrou 42 mortes novas mortes. No mesmo período, O Brasil registrou 1.788.

Assim como na China, é possível que no Brasil haja subnotificação do número de pessoas infectadas e de mortes causadas pela Covid-19.

Em São Paulo, por exemplo, os cemitérios públicos têm recebido por dia entre 30 a 40 corpos de pessoas que morreram com suspeita de estarem contaminadas pelo novo coronavírus.

Por causa do atraso nos resultados dos testes laboratoriais que confirmariam a infecção, a maior parte desses óbitos não entrou nas estatísticas oficiais do Ministério da Saúde.

No início de abril, alguns estados e municípios brasileiros relataram uma média de 1 caso de coronavírus para cada 30 suspeitos. A falta de kits e a inexistência de uma portaria que detalhasse quais casos deveriam ser contabilizados como confirmados ou suspeitos foi apontada como sendo a possível causa para a subnotificação.

Após uma resposta inicial turbulenta, com direito a censura em redes sociais e restrição de informações, a China zerou pela primeira vez, em 18 de março, a transmissão local do Sars-CoV-2. Com os resultados positivos oriundos do isolamentos social, o país começou a ensaiar ainda em março o relaxamento da quarentena. No dia 28 daquele mês, o metrô voltou a funcionar junto com outros serviços de trem em Hubei.

Enquanto isso, no Brasil, os primeiros casos confirmados de transmissão sustentada eram anunciados pelas autoridades sanitárias do estado de São Paulo, onde a quarentena que estava prevista para chegar ao fim em 22 de abril foi prorrogada para 10 de maio.

No dia 22 de abril, o governador João Doria anunciou que a “reabertura econômica” do estado começaria em 11 de maio. Apenas um dia mais tarde, porém, Doria disse afirmou que poderia voltar atrás quanto a reabertura caso os índices de isolamento social não ficassem acima de 50%.

Pelo menos 24 cidades de São Paulo flexibilizaram a quarentena via decreto a revelia das determinações do governo estadual. O governador ameaçou, inclusive, entrar na Justiça contra as prefeituras. Não foi preciso.

O Ministério Público suspendeu a reabertura do comércio em pelos menos 11 cidades que chegaram a reabrir lojas ou apontar datas para retomada.

Enquanto na China, ao que se sabe, não houve interrupções ou grandes manifestações contrárias a quarentena, no Brasil, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro –que se manifestou diversas vezes contra o isolamento social– têm participado de carreatas pedindo o impeachment do governador paulista e a reabertura da cidade.

Bolsonaro tem visto sua popularidade cair devido à forma como está gerindo a pandemia no país. O presidente chegou a demitir o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por manter a orientação a favor da quarentena.

Para evitar novo desgaste e a exposição de desacordos no alto escalão do governo, o novo ministro, Nelson Teich, passou por treinamento sobre como lidar com a imprensa.

Teich não começou bem e conta com a reprovação de secretários de Saúde. Segundo eles, não houve mais diálogo com o ministério desde o dia 17 de abril, quando o novo ministro tomou posse. Com Mandetta, afirmam, as conversas eram diárias.

Após críticas, o ministro marcou a primeira reunião com presidentes de conselhos de secretários para esta quarta (29).

Até o momento, os EUA registram o maior impacto do coronavírus no mundo. O país atingiu nesta terça 1 milhão de casos confirmados de Covid-19, marca inédita entre os 185 países impactados pela pandemia. O patamar alarmante foi atingido 12 dias depois que o presidente Donald Trump anunciou um plano para a reabertura econômica dos estados americanos.

FolhaPE

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