Uma declaração da vereadora de Arcoverde (Sertão do Moxotó) que associou o autismo a “castigo divino” foi repudiada pelas comissões de Educação e de Cidadania, nesta quarta (1º). Zirleide Monteiro (PTB) afirmou que uma pessoa com quem ela teve um desentendimento “teve um filho deficiente porque tinha alguma conta a pagar com aquele lá de cima”. A fala foi dita numa reunião da Câmara de Vereadores da cidade, na última segunda (30).
Waldemar Borges (PSB), presidente do colegiado de Educação, e Dani Portela (PSOL), à frente da Comissão de Cidadania, anunciaram uma representação conjunta contra a vereadora. O posicionamento será levado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e à Comissão de Ética do Legislativo municipal de Arcoverde.
“Faço essa proposta em razão da gravidade e do mau exemplo que essa declaração significa. A população tem que entender que uma casa legislativa não é um espaço que se preste a esse tipo de postura preconceituosa e capacitista, e onde se destile tanto ódio e insensatez”, declarou Waldemar. Para ele, as comissões têm dever e responsabilidade pedagógica de mostrar “que não é assim que a democracia funciona”.
O tema também repercutiu na reunião da Comissão de Cidadania. Na ocasião, Dani Portela afirmou que a fala chocou a todos. “Todo mundo conhece, ou tem muito próximo, alguma pessoa com deficiência ou neurodiversidade. Aquela fala fere não só pais, mães, familiares ou pessoas neurodiversas. Fere a sociedade pernambucana e brasileira”, expressou. “Não podemos conviver com falas como esta em pleno século 21”, prosseguiu.
As propostas foram aceitas por unanimidade nos dois colegiados. Renato Antunes (PL) ressaltou, em Educação, que o repúdio às declarações da vereadora “está acima de posições partidárias”. Já Rosa Amorim (PT) lamentou, no colegiado de Cidadania, “que a fé seja utilizada para justificar falas capacitistas e preconceituosas”.
Pai de um filho com autismo, e irmão de uma pessoa com deficiência, o deputado Luciano Duque (Solidariedade) defendeu que o papel de um legislador deve ser o de fazer a defesa desses cidadãos. “A gente sente na pele o preconceito da sociedade, mas nunca espera de um representante público uma fala tão desagradável e desrespeitosa”, disse.
Com informações da Alepe