O país vive um momento alarmante. Conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até o fechamento desta matéria, somente neste ano, foram registrados mais de 115.944 focos de incêndio em todo o território brasileiro. O estado de Minas Gerais igualou o maior número de focos dos últimos cinco anos, são mais de 4.950 novos incêndios. Esse cenário crítico coloca a bacia do Rio São Francisco e seus principais afluentes em estado de alerta.
Controlado após dias de mobilização e atenção, o incêndio florestal que atingiu o Parque Nacional da Serra do Cipó, na bacia do Rio das Velhas (SF5), foi finalmente controlado e extinto. Contudo, em outras partes da própria bacia do Rio das Velhas, incêndios ainda continuam consumindo grandes áreas, como é o caso do Parque Estadual do Itacolomi, em Ouro Preto, área que está localizada próximo à nascente, e áreas verdes urbanas na região metropolitana de Belo Horizonte. Com 761 Km, o Rio das Velhas é o maior afluente em extensão da bacia do Rio São Francisco.
Marcus Polignano, presidente interino do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), expressa grande preocupação com os impactos ambientais das queimadas sobre os recursos hídricos. “Um campo devastado, uma terra arrasada diminui a possibilidade de armazenamento de água, o que significa que, quando houver o período de chuva, a possibilidade de recarga do subsolo diminui. Daí para frente, você terá um ciclo vicioso ruim.” Polignano destaca que as queimadas impactam significativamente a capacidade de armazenamento do solo e além de destruírem os biomas, o que intensifica a diminuição da possibilidade de termos rios volumosos. “Não temos rios vivos e cheios em terras devastadas. Isso é uma situação crítica”.
Recorrência de incêndios
A recorrência de incêndios em áreas próximas a nascentes, veredas e margens de rios reduz a capacidade de infiltração da água no solo. Esse processo compromete o abastecimento do lençol freático e diminui a capacidade do solo de reter água, tornando-o menos eficiente na absorção de água e aumentando o risco de problemas hídricos no futuro.
O presidente interino relembra que, para além dos fatores naturais e meteorológicos, o homem é o grande responsável por este cenário. “As queimadas têm um fator humano importante. Normalmente, a mão do homem é que inicia esse processo que, muitas das vezes, acaba saindo do controle”. Polignano entende que a implementação de políticas públicas robustas, incluindo campanhas educacionais e midiáticas para promover a conscientização sobre as queimadas, podem diminuir a incidência de tantos incêndios em áreas verdes.
Com informações do CBHSF