Copom se reúne nesta quarta, e mercado prevê 7ª alta seguida da Selic, para 9,25% ao ano

Por Ricardo Banana
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Se confirmado esse aumento, será o maior percentual em mais de quatro anos. Alta nos juros encarece o crédito, freia a economia e institui de volta a antiga regra de remuneração da poupança.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá nesta quarta-feira (8) para definir a taxa básica de juros da economia.

Analistas do mercado financeiro preveem o sétimo aumento seguido da Selic, passando de 7,75% para 9,25% ao ano.

Se for confirmada essa alta prevista pelo mercado financeiro, a taxa Selic atingirá o maior patamar em pouco mais de quatro anos — em julho de 2017, estava em 10,25% ao ano. A decisão será anunciada após as 18h.

A previsão do mercado é que a taxa continue subindo nos próximos mesesatingindo 11,25% ao ano no fim de 2022.

Como a taxa Selic é definida

O principal instrumento do Banco Central para conter o aumento de preços é a taxa básica de juros, definida com base no sistema de metas de inflação.

Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, reduz a Selic.

Para 2021, a meta central de inflação é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%.

Neste momento, o BC já está olhando para a meta de inflação de 2022 para definir os juros. No próximo ano, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

Inflação

Na prévia de novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, ficou em 1,17%. Esta foi a maior taxa para o período desde 2002. Em 12 meses, a inflação atingiu o patamar de dois dígitos: 10,73%, a mais alta desde fevereiro de 2016.

De acordo com levantamento do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV), mais da metade da inflação, neste ano, é resultado da disparada dos combustíveis, energia e carne. Esses estão entre os itens que mais têm pesado no bolso do brasileiro e na inflação.

O mercado financeiro estima que a inflação medida pelo IPCA somará 10,18% neste ano, mais do que o dobro da meta central (7,5%) e acima do teto de 5,25% do sistema de metas. Para 2022, a previsão de inflação do mercado está em 5,02%, acima do teto do sistema de metas pelo segundo ano seguido.

Poupança

Desde 2012, a poupança passou a ter dois tipos de remuneração. Quando a Selic está em até 8,5% ao ano, o rendimento é limitado a um percentual de 70% dos juros básicos mais a Taxa Referencial (TR, calculada pelo Banco Central e que está em zero desde 2017). Acima desse patamar, o rendimento é de 0,50% ao mês, ou 6,17% ao ano.

Para os depósitos feitos até abril de 2012, ou seja, na chamada “poupança velha”, os rendimentos são sempre calculados da segunda forma – independente da taxa de juros que estiver em vigor.

Mesmo passando a render mais a partir dezembro, a modalidade continuará perdendo para a inflação e para outros investimento de renda fixa. Ao menos no curto prazo.

Consequências da alta dos juros

De acordo com economistas, o aumento do juro básico da economia, tem vários reflexos na economia. Veja abaixo os principais:

  • A elevação da taxa de juros, o aumento do juro básico da economia, já está resultando em taxas bancárias mais elevadas e a tendência é de que novos aumentos também sejam repassados aos clientes. Em outubro, a taxa média dos bancos foi a maior desde março de 2020. Além do juro básico, o aumento do IOF anunciado pelo governo também impacta o custo final dos empréstimos.
  • O aumento da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos, impactando, assim, o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Economistas estão baixando há semanas a previsão de crescimento da atividade econômica em 2022, que está em 0,51% de alta.
  • O aumento da taxa básica da economia gera uma despesa adicional com juros da dívida pública. Gabriel Leal de Barros, da RPS Capital, calculou que o ciclo de alta da Selic de 2% ao ano, em março de 2021, para 9,25% ao ano, se confirmada, geraria uma despesa adicional de quase de R$ 240 bilhões com juros da dívida (em 12 meses).

(G1).

 

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