O encontro dos cinco países que integram o grupo dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ocorre no exato momento em que o mundo passa a temer por uma nova crise financeira. Desta vez, não mais tendo como epicentro países desenvolvidos, mas sim a principal economia dos BRICs: a China, cujos índices de ações recuaram mais de 30% nas últimas semanas. O impacto foi tão forte que, nesta quinta-feira, autoridades chinesas proibiram a venda de ações por grandes investidores, como bancos e fundos de pensão.
A crise chinesa não atinge apenas o mercado acionário. Extravasa para a economia real, reduzindo a demanda e os preços de commodities, como o petróleo, principal produto de exportação da Rússia, e o minério de ferro, maior produto do comércio exterior Brasil-China. Como resultado, as ações da Vale também caíram fortemente nos últimos pregões e o dólar, ontem, atingiu a cotação de R$ 3,23, num sinal de que o Brasil terá mais dificuldades para equilibrar suas contas externas.
Esse novo cenário amplia os desafios da cúpula dos BRICs, que tem como um dos objetivos selar a criação do Novo Banco de Desenvolvimento. Antes do encontro, cogitava-se até que a instituição poderia oferecer linhas de crédito à Grécia, que tem rejeitado as propostas de acordo lideradas pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional.
Com as novas restrições econômicas, a margem de manobra fica mais estreita. E a crise parece ser tão grave que até os jornais brasileiros, que antes diziam haver problemas apenas no Brasil, destacaram, em suas manchetes, o potencial de estrago que pode ser causado pela crise chinesa.
Discurso
Durante sua fala na sessão plenária da cúpula, Dilma afirmou que a crise internacional continua afetando países ricos e em desenvolvimento e que, em sua avaliação, os Brics continuarão a impulsionar o desenvolvimento global. A presidente também pediu maior participação dos países do grupo em organismos internacionais, como o FMI e o Conselho de Segurança da ONU.
“A persistência da crise passou a exigir das nossas políticas econômicas novas respostas. Sabemos que chegamos ao fim do super ciclo das commodities. Sabemos que ainda permanece muita volatildidade no setor financeiro. Os emergentes, principalmente os Brics, estou certa disso, continuarão a ser a força motriz do desenvolvimento global. Seu peso deve se refletir nas instituições de governança internacional, o que reforça a necessidade de reformulação do fundo monetário”, discursou Dilma Rousseff.
Agenda
A tendência é que, na cúpula, a presidente Dilma Rousseff possa comemorar alguns acordos bilaterais. Em sua agenda desta quinta-feira 9, Dilma se encontrou com o presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, e com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko.
Ela também participou do encontro de chefes de Estado e de Governo dos Brics com o Conselho Empresarial do grupo. Depois de posar para fotografia oficial, os líderes tiveram encontro privado, seguido de almoço de trabalho. Às 15h (local, 8h à frente de Brasília) teve início a sessão plenária dos chefes de Estado e de Governo dos Brics e, em seguida, a cerimônia de assinatura de Atos.
A presidente teve ainda mais dois encontros bilaterais, com o presidente da China, Xi Jinping; e com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. A partir das 19h terá início a reunião dos chefes de Estado e de Governo dos Brics com os países convidados para a Cúpula.
Encerrando a programação, a partir das 21h será realizado um concerto-jantar oferecido pelo presidente russo, Vladimir Putin, em homenagem aos chefes de Estado e de Governo dos Brics e da Organização de Cooperação de Xangai.
Ontem ela congratulou Putin pela organização da 7ª Cúpula dos Brics, afirmando que esse é um momento especial, quando os países do grupo assinarão a conclusão do processo de ratificação do Tratado para o Estabelecimento de um Arranjo Contingente de Reservas dos Brics (CRA), que entrou em vigor na semana passada.
“Eu acho que esse é um momento especial nessa 7ª Cúpula, porque consolida-se o Grupo Brics”, disse a presidente, durante reunião bilateral com Putin na cidade de Ufa, local do encontro e capital da República do Bascortostão.
Sobre a relação Brasil-Rússsia, Dilma destacou que a área de ciência e tecnologia, recordando que, em 2004, foi estabelecida uma parceria estratégica nesse setor entre o governo russo e o governo brasileiro, E que, desde então, esse tema tornou-se um dos elementos propulsores da parceria entre os dois países.
“Para nós, são prioridades importantes, na nossa relação bilateral, a adesão à missão Aster; a cooperação comercial e na área de parceria sobre lançamento de satélite”, enfatizou. A primeira Missão Brasileira de Espaço Profundo (Aster) é um projeto multi-institucional da Agência Espacial Brasileira (AEB). A presidenta acrescentou que o ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, está participando da visita à Rússia, buscando aproximar as áreas científicas brasileira e russa.
Dilma Rousseff acrescentou que Rússia e Brasil devem desenvolver o comércio bilateral, que tem potencial de crescimento. “Nós devemos continuar trabalhando para atingir a meta dos US$ 10 bilhões no fluxo do nosso comércio”.
E destacou que a área da infraestrutura brasileira representa uma grande oportunidade de investimento. “Nós temos também grande interesse em ampliar os nossos investimentos recíprocos. O Brasil tem agora uma oportunidade ímpar, com o seu plano de investimento em logística, de atrair empresas russas, que são grandes especialistas, tanto em portos como em ferrovias”.
A presidenta lamentou não ter ido à Rússia durante a comemoração dos 70 anos da vitória sobre os nazistas, celebrada em maio deste ano. (247)
Blog do Banana
1 comentário
NÃO É FÁCIL SE REUNIREM PARA CONDENAREM O ESTADO DE ISRAEL COM BOICOTES SANÇÕES E DESINVESTIMENTOS (BDS) . POIS AGORA SE SAIAM DESSA CRISE.
ESTOU NA TORCIDA QUE A GRÊCIA NÃO HONRE PARA QUE DESMORONE O SENHO DE UMA EUROPA UNIDA.