Desenvolvimento do Estado é foco de sabatinas com candidatos ao Senado Federal por Pernambuco

Por Ricardo Banana
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Evento realizado pela Fecomércio-PE debateu os principais gargalos enfrentados pelos micro e pequenos empreendedores no Estado e as propostas de atuação paras as áreas de Turismo, Negócios, Saúde e Educação.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) realizou, nesta quinta-feira (8/9), o I Debate com Candidatos ao Senado Federal por Pernambuco, evento que se propôs a ouvir as propostas dos candidatos mais bem avaliados nas pesquisas eleitorais pernambucanas. Durante todo o dia, os candidatos debateram suas propostas em eixos escolhidos pela Federação, tais como empreendedorismo, leis trabalhistas, educação profissional, Reforma Tributária, Simples Nacional, ambiente de negócios e saúde. A candidata Teresa Leitão (PT) iniciou  a agenda, seguida dos candidatos Carlos Andrade Lima (União Brasil), Gilson Machado (PL) e Guilherme Coelho (PSDB). A sabatina com o candidato André de Paula (PSD), que seria realizada nesta sexta-feira (9/9), foi adiada para o dia 13/9, das 10h às 11h.

As sabatinas foram realizadas no auditório da Casa do Comércio, com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube da Federação (www.youtube.com/FecomércioPernambuco),  e comandadas pelo presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE, Bernardo Peixoto, que contou com o apoio da  jornalista e cientista política Priscila Lapa e do especialista técnico de Relações Institucionais da CNC, Felipe Oliveira, como mediadores.

Teresa Leitão – A candidata falou sobre o papel do senador na vida das pessoas: “O Senado Federal é uma casa revisora, é uma casa de grande responsabilidade política, legislativa e social, sendo assim, quero levar para lá todas essas preocupações como senadora de Pernambuco”, disse. Sobre os avanços necessários para a melhoria do ambiente de negócios em Pernambuco, a candidata colocou que: “Hoje, temos um ambiente institucional vulnerável, julgo que o Brasil perdeu credibilidade no exterior. E acredito que o primeiro ponto que a política precisa se preocupar é trazer de volta essa credibilidade perdida. Outro ponto importante é o excesso de burocracia, por isso, estamos lançando o projeto Desenrola, cujo objetivo é facilitar o acesso aos setores produtivos, principalmente a regularização, e, em simultâneo, também temos que gerar emprego e renda. Essa é uma grande preocupação conjunta, tanto dos empresários quanto dos trabalhadores, falo isso embasada na minha experiência de anos como sindicalista. Acredito que a minha atuação precisará ter uma contribuição urgente com a estabilidade institucional, para que o empresariado não tenha medo de investir com segurança, sem tanta vulnerabilidade e que ao investir e gerar empregos e renda o trabalhador também se sinta representado nessas iniciativas”.

A educação como meio profissionalizante para os jovens e o papel da educação técnica nesse processo também foi um tema bastante explorado pela candidata, que falou sobre a sua participação nas discussões para a criação do novo Fundeb, enfatizando a relação da educação pública com o Sistema S, que, ao seu ver, não são antagonistas, mas sim complementares. “Creio que ao tratar do Porto Digital podemos ajudar muito, pois o mundo vive uma transição digital sem volta e o Brasil entrou nela de uma forma dolorosa. Infelizmente, a pandemia nos mostrou isso. Ficamos com aulas remotas para não sacrificar os alunos que já estavam sofrendo com a  pandemia, todos nós, na verdade. A pandemia nos mostrou que o tratamento e a transição digital precisam ser agregadas a outras medidas, tais como a promoção ao acesso a equipamentos, a qualificação dos professores e o avanço da banda larga. Por isso, a chegada do Senac ao Porto Digital é uma ótima notícia, pois precisamos começar pela formação, não só técnica, mas também na perspectiva de vencer a desigualdade social e a alfabetização tecnológica da população. A tecnologia pode, sim, facilitar a vida, desde que tenha a perspectiva educativa”, finalizou Teresa Leitão.

Carlos Andrade Lima – Sobre quais suas propostas para estimular o empreendedorismo e melhorar o ambiente de negócios em Pernambuco, o candidato ao senado pelo União Brasil respondeu que: “Hoje, vivemos no pior Estado para se fazer negócios, isso não sou eu que diz, mas sim o Banco Mundial. E o motivo disso é o conjunto de fatores que geram o Custo Pernambuco. Pois, quando o empresário consegue finalmente ultrapassar a via crucis que é abrir uma empresa ou filial no Estado, logo ele se depara com a maior carga tributária do Nordeste. E não é só isso, ele também não tem como escoar a sua produção, pois o Estado não tem infraestrutura, não tem água e nem estradas. Por isso, é preciso desburocratizar todos os processos, como São Paulo e Rio Grande do Sul, onde você consegue abrir um negócio em questão de dias e não meses como acontece aqui. Temos também que rever a carga tributária e a infraestrutura, não só nas estradas, que é um grande gargalo em polos importantes como no Agreste, onde temos um importante polo de confecção, mas que a água não chega. Precisamos repensar e colocar em prática todas essas pautas para conseguir desafogar Pernambuco”, diz Carlos Andrade Lima.

O candidato tratou ainda sobre o déficit da mão de obra entre os jovens e mencionou o Sistema S como meio para qualificação desse público: “O Sistema S entra como um parceiro indispensável para a geração de emprego, pois por meio da capacitação e com a infraestrutura correta e bem feita, nossos polos passam de segundo e terceiro e podem passar para primeiro lugar. Mas, tudo tem que respeitar a vocação de cada região, assim promovendo o crescimento econômico de todos, inclusive do próprio Estado. Porém,  é preciso um link entre essas políticas estaduais com o Senado. É preciso trazer recursos para que o executivo possa investir, inclusive nós (Miguel Coelho, candidato ao Governo de Pernambuco) fizemos um plano de investimento para o nosso governo, listamos todas as áreas que queremos trabalhar e investiremos de acordo com esse plano. O Estado ficará com o papel de executor desse plano, investindo conscientemente nas áreas escolhidas em conjunto. Uma dessas áreas é o Turismo, pois quando pensamos em todo seu escopo, precisamos focar em dois pontos principais, a infraestrutura e a segurança, se o investimento for feito de maneira correta, com certeza os turistas irão voltar e o turismo vai crescer de novo”, afirma o candidato.

Gilson Machado – O ex-ministro do Turismo no governo Bolsonaro, e agora candidato ao Senado, iniciou a sua participação no debate falando sobre a sua experiência no ministério e como esse fator irá ajudá-lo a trabalhar em favor de Pernambuco e buscar investimentos para melhoria do ambiente de negócios. “Fui ministro do Turismo no Brasil e o nosso País, dia após dia, tem melhorado o seu ambiente de negócios. Mas, Pernambuco está na contramão. É um dos Estados que mais paga-se impostos, que possui as piores conexões de estradas e que sofre com a falta de segurança pública. Isso tudo cria um grande gargalo e afasta os turistas. O turismo é fundamental hoje para toda a cadeia produtiva. O setor sozinho movimenta em torno de 52 itens, isso quer dizer que, desde o piloto do avião até o motorista da van e desde a empresa que fabrica a geladeira até quem fabrica as camas do hotel, todos eles são movimentados pela roda que é o turismo. Digo que hoje Pernambuco é uma Ferrari de freio de mão puxado, o Estado possui condições, tem as melhores praias do Brasil, o turismo do interior, polos produtivos, como o polo gesseiro que sofre com a alta dos impostos e as qualidades das estradas, mas não sabe explorar corretamente todas essas maravilhas. Quero ser senador de Pernambuco para acabar com todo esse protocolo que barra o crescimento do Estado”, afirma o candidato.

Ao ser questionado pelo presidente do Sistema Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, sobre o Sistema S e os cortes que sofreu, nos últimos anos, o candidato disse ser um grande defensor do Sistema e usou a Embratur como exemplo, que em sua gestão foi transformada em agência. “Na época que o Sistema S ficou três meses sem receber, eu fui ao ministro (Paulo) Guedes e falei em seu favor e sobre a sua importância para as pessoas e, com isso, conseguimos reverter. O Sistema é de grande importância, principalmente para a qualificação das pessoas, por exemplo, os cursos em parceria com o Porto Digital em Análise e Desenvolvimento de Sistemas é um enorme avanço. E, além disso, existem outros cursos que podemos incluir e eu queria pedir futuramente. O que precisamos é da oferta de empregos imediata e da qualificação dos profissionais para esses empregos”, disse o candidato, que, ainda durante a sua sabatina, tratou de outros temas, tais como os seus investimentos enquanto ministro em Pernambuco. Segundo ele,  cerca de R$ 170 milhões foram destinados a obras de infraestrutura nas estradas de Porto de Galinhas, Ipojuca, Caruaru e construção dos centros de convenções dos municípios de Cupira e Petrolina. E finalizou dizendo que “o turismo em Pernambuco é consolidado, mas ele precisa ser interiorizado e melhor cuidado”.

Guilherme Coelho – O candidato do PSDB falou, inicialmente, sobre a interiorização do turismo de Pernambuco. “O turismo precisa ser distribuído no nosso Estado inteiro, temos o turismo rural, de aventura, de natureza e o turismo da gastronomia em localidades que precisam ser vistas e valorizadas. Precisamos interiorizar, pois ele não é só shows não, o Turismo envolve muitas outras coisas em seu entorno. A cada 10 empregos no mundo, 1 é dessa área. Nós precisamos, efetivamente, criar um ambiente para que você tenha segurança para investir, que o Governo facilite a sua vida, que você tenha acesso a crédito, dependendo de onde se for investir, que haja incentivo fiscal. Isso é muito importante, pois estamos em um ambiente de competitividade, pois, se não fizermos aqui, o Estado vizinho fará, aí deixa-se de gerar empregos e a população não consegue gerar renda. E, toda vez que vem um investimento, pelo menor que seja, sempre vem com algo para acrescentar. Precisamos ter tudo isso para atrair os investimentos e Pernambuco voltar a ser líder de todos os rankings que já teve no passado e que hoje, infelizmente, não é mais”, discorre o candidato.

Em seguida, o candidato foi indagado por Felipe Oliveira, especialista técnico de Relações Institucionais da CNC, sobre a sua opinião e propostas para se criar uma segurança jurídica mais firme e confiante em Pernambuco. “Eu estava na Câmara quando foi para aprovar a nova legislação trabalhista, e lá se dizia de tudo, que ia acabar com as férias e o décimo terceiro, mas, no fim, nada acabou. Temos que facilitar a vida de quem quer empreender, eu participei da lei de renegociação das dívidas dos produtores rurais, elaboramos essa lei que deu até 95% de desconto a essas pessoas que tinham dívidas. O Governo precisa dar a mão, não puxar e pisar na cabeça. Por isso, precisamos de segurança jurídica, o Governo tem que ser parceiro, temos que ser parceiros do Banco do Nordeste, temos que desburocratizar tudo. Muitos sonhos são levados ao vento dentro dos bancos por causa da burocracia em volta da oferta de crédito. Isso serve também tanto para abrir uma empresa, quanto para tocar e pagar os impostos sem todas essas dificuldades. O político e o governante precisam da sensibilidade de se colocarem no lugar do outro, se não tiverem isso, não é sua vocação. Precisamos pensar no outro e governar para ele e não para nós”, comenta o candidato, que também tratou da Reforma Tributária e dos gargalos da exportação de frutas e outros serviços em Pernambuco, além da malha ferroviária da Transnordestina, que, segundo ele, o Estado pecou em não ter lutado para ela passar pelo Porto de Suape e agora está nas mãos de alguma empresa privada trazê-la para o nosso Estado.

As sabatinas contaram com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube da Fecomércio Pernambuco (www.youtube.com/FecomércioPernambuco) e, assim como as anteriores com os candidatos ao Governo de Pernambuco,  estão disponíveis para que o público possa rever e decidir quais postulantes os representam mais em suas ideias e propostas para o Estado.

Atenciosamente,

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