Enquanto Jair Bolsonaro ocupa o segundo lugar nas principais pesquisas de intenção de votos sobre a corrida presidencial, seus simpatizantes espalham nas redes sociais resultados de enquetes para questionar a credibilidade de institutos como Datafolha e Ipec. Enquetes online, porém, não podem ser comparadas com pesquisas eleitorais porque seus resultados não se baseiam em um grupo representativo da população brasileira.
De acordo com reportagem do jornal Estado de S.Paulo, o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) divulgou, em 14 de dezembro, um vídeo no Twitter que mostra enquete feita em junho no programa Balanço Geral, da TV Sucesso – afiliada da TV Record em Goiás.
O programa voltado para o público bolsonarista pediu aos telespectadores que enviassem por WhatsApp uma resposta à pergunta “se a eleição fosse hoje, você votaria em quem?”. A postagem mostra um resultado parcial em que Bolsonaro aparece com mais de 87% dos votos. A enquete terminou atribuindo ao presidente uma taxa de 64,9%.
Compartilhada quase 2 mil vezes no Twitter, a mensagem de Jordy diz que “a melhor pesquisa é essa, feita abertamente para o povo, e não de forma secreta, para enganar e influenciar o povo”. O problema é que a enquete só revela a opinião dos espectadores do programa.
Uma verificação do Projeto Comprova, publicada em julho, destacou que não havia controle sobre quem respondia à pergunta e que o alcance da votação estava restrito aos espectadores do programa regional. “Não há como saber quantas pessoas participaram do levantamento, quantas eram mulheres e quantas eram homens, quantas têm título de eleitor, nem mesmo se alguém enviou mais de uma mensagem”, advertia a reportagem.
É diferente do levantamento divulgado pelo Datafolha há duas semanas, por exemplo, que indica a liderança do ex-presidente Lula na disputa. Empresas de pesquisas de opinião estabelecem metodologias com base em parâmetros estatísticos para garantir que o grupo entrevistado seja o mais representativo possível da população brasileira. Deve, por exemplo, contemplar pessoas com diferentes faixas de renda e escolaridade, entre outras características.
(Brasil 247).