Dom Tomás salva vidas, mas precisa ser salvo (diz Augusto Coelho)

Por Ricardo Banana
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Num instante em que o Brasil vive uma fase de horror quase sem exceção na seara pública, pelo fato de os políticos trabalharem em prol do favorecimento próprio, seja em pequena ou larga escala, vem de Petrolina, de onde cheguei ontem, um exemplo para, definitivamente, ainda acreditar na figura do homem público.

Médico por formação, empresário por vocação, ex-prefeito de Petrolina, Augusto Coelho é o caçula de “seu” Quelé, patriarca do clã Coelho, que gerou uma geração de homens notáveis para a vida pública, entre eles Nilo Coelho, uma lenda sertaneja, governador do Estado, o grande benfeitor do Vale do São Francisco.

Nilo morreu de um infarto fulminante poucos dias depois de um discurso antológico como presidente da Casa Alta. Não se submetendo às pressões do regime de exceção, subiu à tribuna e afirmou: “Não sou presidente do Congresso do PDS, sou presidente do Congresso do Brasil”. O filho mais notável de Quelé entrou para a história.

Augusto Coelho, seu ponta de rama, aos 85 anos, continua orgulhando o pai, onde ele estiver. Como Nilo, tem espírito público, vocação para servir sem se servir das posições de alta relevância. Como empresário, dono de um dos maiores curtumes do Nordeste, Augusto se realiza, na verdade, em outro campo: praticando filantropia.

Ele é presidente da Associação Petrolinense de Amparo à Maternidade e à Infância (Apami), fundada em Petrolina há 74 anos, instituição beneficente referência no Interior do Nordeste na assistência aos portadores de câncer. À frente da entidade, se inspira na essência verdadeira do que deve ser um homem público: ver em cada pai seu próprio pai, em cada mãe a sua mãe, em cada filho os seus e em cada ser humano o seu irmão”.

É um gigante. Fez a Apami gerar seu filho mais desafiador: o hospital Dom Tomás, que há dois anos passou a fazer cirurgias de câncer das mais altas complexidades com enorme sucesso. “Recentemente, realizamos um procedimento crânio facial de altíssima complexidade e louvamos a Deus pela salvação de mais uma vida”, disse Augusto.

Em breve, a unidade hospitalar vai ganhar um Centro de Radioterapia, obra que não caiu do céu, mas fruto do esforço da sua articulação nacional junto ao Ministério da Saúde. E tem mais notícias boas: a mão estendida da filantropia chegou com mais R$ 4,5 milhões na aquisição de equipamentos para transformar sua área de radioterapia referência no Nordeste.

Há pouco, começou a funcionar a primeira etapa de expansão do hospital, totalizando 52 leitos de enfermaria, com dois postos de enfermagem e sala de evolução médica. Para manter toda essa estrutura e continuar prestando serviços a milhares de pacientes, inclusive crianças, que moram em 60 municípios dos estados de Pernambuco, Bahia e Piauí, o hospital precisa de mais apoios.

Esta tem sido uma luta incansável para doutor Augusto, que para ser vencida, começa primeiro pelo viés preconceituoso. “Por estar no interior do Nordeste, distante dos grandes centros, muitos poderosos do setor público não acreditam que estamos falando de um dos maiores centros de saúde em tratamento oncológico no Brasil”, desabafa.

O hospital Dom Tomás, que está situado numa região que abrange nada menos do que 2 milhões de habitantes em quatro Estados, têm um custo alto de manutenção: R$ 3 milhões por mês, para manter um quadro de 300 funcionários, entre os quais 92 médicos, que fazem em média 160 procedimentos cirúrgicos por mês, de pequena a alta complexidade. São portadores de câncer que, antes, só teriam tratamento no Recife e em outros centros mais avançados de oncologia.

Felizmente, o doutor Augusto tem tido reconhecimento nacional. Recentemente, recebeu em Brasília uma das mais altas condecorações do Governo Federal, destinada às pessoas que realizam serviços de grande impacto social, através do embaixador Paulino Franci de Carvalho: o título de ‘Grande Oficial da Ordem de Rio Branco’.

A honraria se destina a reverenciar os que se tornam merecedores do reconhecimento do Governo Brasileiro, por algum motivo considerado de grande relevância. Mostrando sua grandeza e sua simplicidade, ao receber a homenagem Augusto disse que deveria ter sido dada não a ele, mas ao hospital Dom Tomás.

O reconhecimento é apenas uma face dessa luta dele que a sociedade e os poderes públicos não podem apenas bater palmas. Têm que ajudar efetivamente, com recursos financeiros e doações de qualquer bem, especialmente equipamentos médicos.

DOAÇÕES PELO IR – Recentemente, com o objetivo de ajudar a salvar vidas, combatendo o câncer em crianças e adultos, o Hospital Dom Tomás fez uma campanha de arrecadação com ajuda da Receita Federal. Os contribuintes foram estimulados a doar até 3% do Imposto de Renda (IR) para o fundo de apoio ao hospital do município. A legislação permite que até 6% do valor do chamado “Imposto Devido” seja convertido em doação no momento da entrega da declaração, desde que você tenha optado pelo modelo completo de tributação. Ou seja, ao invés de destinar o dinheiro diretamente ao Governo, você terá oportunidade de auxiliar uma entidade sem qualquer custo adicional.

ATRASO PELO ESTADO – Fundamental para o tratamento de pacientes com câncer em diversas cidades do interior de Pernambuco, o hospital Dom Tomás enfrenta uma grave crise financeira devido à falta de recursos e ao atraso no pagamento das parcelas pelo governo estadual. A governadora Raquel Lyra (PSDB), aliás, esteve recentemente em visita à instituição, mas na prática nada foi feito até agora.

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