Mesmo tendo o maior rebanho caprino e ovino de Pernambuco, com cerca de 600 mil animais, a cidade de Dormentes, no Sertão do São Francisco ‘comeu mosca’ de Petrolina. O empresário local, Mateus Reis, foi um dos a não acreditar no projeto de tornar a manta caprina e de cortes e especiais, patrimônio imaterial da região, mesmo ele sendo um dos maiores atacadistas de alimentos no sertão são franciscano.
Mas Petrolina, maior cidade da região, deu essa importância a sua cadeia produtiva da caprinovinocultura e nesta quinta-feira, 11, teve aprovado em sessão da Câmara de Vereadores, a manta caprina e ovina como patrimônio cultural e imaterial do município. A lei será a primeira em nível municipal entre todas as cidades de Pernambuco. A proposta é da vereadora Maria Elena de Alencar e teve total apoio dos parlamentares petrolinenses.
O presidente da Câmara, vereador Osório Siqueira, PSB, disse que o poder legislativo presencia um momento histórico e um importante avanço na cultura da caprinovinocultura local, agregando valor a toda a cadeia produtiva de Petrolina.
“Esse projeto é de grande importância e com essa aprovação, levará a nossa cultura da manta caprina, da carne de bode, conhecido em todo o País. Isso vem dá um maior incentivo aos criadores, organiza a cadeia que conta com mais de mil criatórios”, disse o presidente Osório Siqueira.
A vereadora Maria Elena de Alencar, PRTB, que apresentou a proposta após se reunir com a Embrapa e todos os segmentos ligados ao segmento da caprinovinocultura local, avaliou o momento como de grande importância regional e comercial para fazer a manta caprina de Petrolina alcançar novos mercados e ir cada vez mais longe.
“Esse foi o primeiro passo. Agora é aguardar a sanção do prefeito para confirmar a manta caprina em patrimônio cultural e imaterial e dai vamos atrás da certificação estadual, mais adiante, da certificação federal. Vamos levar a nossa manta caprina a toda essa cadeia importante, colocando em redes de supermercados, restaurantes e demais mercados, agregando valor e gerando renda e dando a devida importância ao que essa nossa cultura tem”, disse Maria Elena.
Petrolina sai na frente no Nordeste em tornar a manta caprina patrimônio. O zootecnista do Instituto Federal Sertão Pernambucano (IF-Sertão), João Bandeira, avalia que ao aprovar a lei, a cidade dá um passo importante para facilitar a comercialização da manta no restante do estado e no resto do País.
“Nós temos uma capacidade ociosa no abatedouro de Rajada, apenas mil animais, temos capacidade para muito mais. Estamos aguardando a liberação da agência da vigilância sanitária para que esses cortes especiais cheguem ao mercado consumidor. Essa lei vai agregar valor a isso”, frisou o especialista.
O idealizador de todo o movimento que originou na lei aprovada, tornando a mata caprina patrimônio imaterial e cultural de Petrolina, o engenheiro agrônomo Cândido Roberto, disse que essa é uma conquista e representa a independência do produtor local. Cândido administra o abatedouro de Rajada, distrito de Petrolina, através da associação comunitária dos produtores e criadores de Rajada.
“Com o abatedouro já melhoramos em 20% o preço na cadeia. Então a partir dessa marca, vamos continuar a remunerar melhor nosso produtor”, frisou Cândido.
Maria do Carmo Freiras, gerente regional da Adagro (Agência de Defesa Agropecuária de Petrolina), sinalizou que a aprovação da lei da manta caprina se tornando patrimônio imaterial e cultural, chega como passo importante para a agilização das certificações necessárias para a comercialização e consumo seguro da carne de corte especial.
“Se ganha em importância, pois chega com o aval de todos os órgãos, do legislativo e do município para avançar nessa certificação”, considerou.
Pesquisador da Embrapa, Tadeu Votolini, acredita ser essa uma coquista que vem agregar valor e tornar a carne ainda mais valorizada no mercado. “A Embrapa se reuniu com varas instituições, técnicos, produtores, comerciantes para que a justificativa fosse acatada na Câmara e, assim, tornar a manta caprina patrimônio de Petrolina. Agora é importante a pro moição de ações que ampliem essa visibilidade como a que ocorreu hoje”, comentou o pesquisador.