E depois dos 100 anos de Luiz Gonzaga?

Por Ricardo Banana
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Tenho recebido diversos telefonemas, emails e só uma pergunta: E depois dos 100 anos de Luiz Gonzaga? O questionamento pertinente parte das cidades de Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru, Arcoverde, Salgueiro, minha Petrolina, Serrita, Estado da Bahia e Europa. A preocupação se estende com todos que trazem ainda os pés a poeira das estradas e ruas, das feiras, nas figuras de cantadores de viola, feirantes e doutores. Qual a política cultural hoje de Pernambuco?

Identidade cultural no mundo globalizado é fator de atração turistica e desenvolvimento econômico. A preocupação atual é apontar para um sentido real, concreto, e um grande esforço para que o Governo do Estado contemple e consolide um calendário com os principais acontecimentos culturais. Pernambuco possui e é reconhecido nacionalmente pela riqueza e diversidade de sua produção cultural merece acelerar sobre o futuro e desenvolvimento dessa riqueza. “Mereço ser cantado o ano todo. Eu e meus irmão de cultura espalhado mundo afora”, profetizou Luiz Gonzaga.

Vejamos: Garanhus, no agreste possui Dominguinhos, discipulo maior de Luiz Gonzaga. Qual a pretensão do Governo do Estado em criar um Memorial Musical Artistico no municipio? Arcoverde, berço de João Siva, maior compositor em número de músicas para Luiz Gonzaga. Não existe um discurso a favor de difundir qualquer evento para que a cidade ganhe mais notoriedade no cenário nacional, regional? Serra Talhada e a memória de Lampião. Custódia, São José do Egito, Sertânia qual o papel do Governo do Estado nestas cidades?

Em Serrita, a cada ano a Missa do Vaqueiro vem perdendo espaço. Exu, terra de Luiz Gonzaga, o que acontecerá por lá depois das festividades de aniversário do Rei do Baião, 13 de dezembro. Nestas localidades falta exatamente a luz, a visão do Poder Público e compromisso como os valores de nossa comunicação e cultura.

O frevo recebeu o título de Patrimonio Imaterial da Humanidade. Luiz Gonzaga, poucos sabem, já em 1947, gravava o Frevo Quer ir Mais? Puxou a sanfona também com Bia no Frevo e Dança do Cacetinho. O Rei do Baião, gravou frevos de Capiba. É uma prova que cabe sim incentivar eventos durante todo o ano e desenvolver uma política cultural que prestigie o Carnaval, Semana Santa, Festival de Inverno, Feiras de Livro, Desafio de Violeiros. É preciso um olhar por parte do Governo do Estado e Investir em Petrolina, Triunfo, engenhos da zona da mata, Taquaritinga do Norte, Floresta, Ouricuri e Bodocó.

Na arte, gênios são os que revolucionam. A preocupação é que o Governo do Estado de Pernambuco trata os 100 anos de Luiz Gonzaga apenas como um evento em seu aspecto ‘espetacular”, cultura do show. Acredito no futuro e sei que é preciso repensar as relações entre cultura e discurso oficial. Não é tarefa fácil, mas vamos trabalhar para derrubar as atitudes cristalizadas pelo tempo.

Viva Luiz Gonzaga e todos aqueles que fazem a cultura verdadeira e que proporciona o exercicio da cidadania.

*Ney Vital – Jornalista e Radialista

 

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