Os olhos atentos e o sorriso largo denunciam o entusiasmo com o primeiro dia de aula. Mas não é qualquer aula rotineira. As duas turmas com aproximadamente 80 alunos tem diferenciais. São estudantes que carregam conhecimentos da vida nos cabelos grisalhos e experiências incríveis nos rostos marcados com as linhas do tempo. É a aula inaugural da Faculdade Aberta a Terceira dade (FATI), que aconteceu na manhã de hoje (08) na biblioteca da Facape e tem parceria com o Instituto de Gestão Previdênciária (IGEPREV).
Os participantes, que tem idade mínima de 50 anos, aprendem Noções de Informática e Noções de Direito e Turismo. A grande maioria afirma está entediada com a rotina em casa e querer novas experiências, como é o caso de dona Eliza Bezerra de 79 anos. “Eu acredito que temos de viver intensamente até o nosso último dia de vida. Eu já me casei cinco vezes e, como estou viúva, já procuro mais um marido. Não tenho família aqui e preciso de contato com pessoas e sei que vou encontrar no curso. Precisamos de novas experiências e sair da rotina de casa. Nunca cansei de estudar e acredito que todos nós da melhor idade temos de pensar assim”, enalteceu a aposentada. Dona Eliza, atualmente, está escrevendo um livro que conta a história de sua vida e vai usar os novos conhecimentos adquiridos com o curso para terminar sua publicação. “Eu escrevo sobre a história de uma mulher que tem muitas lições de vida para passar. Com as noções de informática que vou adquirir no curso vou poder escrever meu livro sem pedir ajuda de outras pessoas”, explicou.
Outro caso curiosos é o de dona Lusinete Cavalcanti de 61 anos. A aposentada já tem nível superior completo e mesmo assim, alega que conhecimento nunca é o bastante. “Entrei no curso por curiosidade e vontade de aprender cada vez mais. Nessa idade a gente se sente uma eterna adolescente e procuramos sempre novas experiências. Isso faz bem pra gente e nos dá mais vontade de viver. Com o curso posso até mesmo orientar outras pessoas e passar para elas o que aprendo aqui”, enalteceu. A jornalista e colunista de 79 anos, Inah Torres, acredita que o curso oferece a oportunidade de inclusão social para as pessoas de melhor idade. “ Muitos acreditam que depois dos 60 o que temos de fazer é apenas ficar em casa esperando a morte chegar, enquanto ainda temos muito o que viver”, esclareceu Inah.
Para Emmanuel Ferro, diretor presidente do IGEPREV, o FATI é um trabalho de colaboração social. “Estamos investindo na terceira idade, que aliás é a melhor idade, porque acreditamos que sempre há muito o que se aprender”, ressalta. O diretor acadêmico da Facape, Antônio Habib, acredita que envelhecer representa desenvolver-se e colocar em prática tudo o que se aprendeu. “Os alunos da FATI podem desenvolver suas habilidades que muitas vezes se perdem por falta de oportunidades. Estudar e conhecer novas pessoas é muita importante em qualquer idade. Queremos que eles coloquem em prática tudo o que aprenderem”, esclareceu.
A coordenadora do projeto, a professora Tereza Cristina, explicou que através da educação, os alunos da FATI estão exercendo seus direitos de cidadania. “A partir de agora nossos idosos não ficarão restritos e limitados às suas atividades rotinárias. Não vamos parar nessa turma, temos professores capacitados e com muita experiência, pois pretendemos ver nossos alunos exercendo sua cidadania”, explicou Tereza.
A aula inaugural contou com uma palestra do professor Alessandro Britto que tem como tema “Profissionais que dão show – uma maneira criativa e humorada de estimular pessoas e manter equipes motivadas. As aulas acontecerão as terças e quinta-feiras às 9h com turmas de Turismo e Direito respectivamente.
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